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domingo, 8 de novembro de 2009

Complexidade humana: os sentimentos, desejos e faltas

* Suzy Maurício
O ser humano é e sempre será um sujeito de relações, sozinho não consegue viver. Ao nascer a criança deseja a mãe, seu seio, sua atenção, seu cheiro, seu calor, seu toque, sua presença, seu amor. A mãe é o primeiro ambiente que se é visitado, explorado, acolhido e de que se é separado. Uma separação precoce na primeira infância provoca danos muito além do que supomos, sintomas e transtornos. O homem sofre por e com suas faltas.
Em geral as pessoas buscam saciar seus desejos, a não saciedade reflete em frustrações e dores d alma. A expectativa que criamos frente a determinadas situações é fonte geradora de angústias e mal-estares existenciais. A fantasia nos é fundamental, sobretudo, tendemos a idealizar circunstâncias que não ocorreram ainda, mas que já nos pertencem no sentimento e no desejo que se realize e em muitos casos, geramos uma ansiedade antecipatória sobre aquilo que não temos noção do que se realizará ou não. Nem sempre o real condiz com o nutrido em nossas tão necessárias fantasias.
Queremos um mundo acolhedor, melhoria pessoal, reconhecimento, acontecimentos e sentimentos, entretanto, sabemos muito pouco de nós, do que sentimos e porque sentimos. Pensamos e desejamos todo o tempo, as carências e faltas corroem o espírito e o tempo faz-nos ainda mais seletivos, cuidadosos e exigentes com o que buscamos experimentar, realizar.
A vida passa diante de nós, velozmente. Paramos pouco para pensar sobre os diversos sentimentos, que, oriundos de uma falta, passa a confundir seu real significado. Carentes, tendemos a enxergar no outro a possibilidade de completo suprimento do que nos falta e tornar nebulosa a interpretação das reais intenções do outro e confundir sentimentos. Vivemos tão afastados de tudo, nos defendendo dos contrários, evitando os contatos.Quaisquer aproximações e movimentos para perto de nós ocasionando-nos bem estar, é facilmente confundido.
Um olhar, uma atenção e um afago sem maiores intenções ou uma possibilidade de viver um amor maior? A carência nos induz a crer numa possível relação sensual, onde muitas vezes a intenção não passa do fraternal. Vemos no outro, comumente, o completo sentido e preenchimento do vazio que nos atormenta, sem a devida interpretação dos sentimentos. O aproximar do outro pode não condizer com esta leitura e interpretação nossa. É prestar a atenção aos sinais.
Ruminamos quereres tantos, acumulamos ausências, solidões e vontades. Aonde procurar? Frejat canta, “procuro um amor que seja bom pra mim...” Os melhores acontecem sem esperar. Contudo, devemos dar um tempo para germinar, florir e colher. Damos-nos este tempo?
Há pessoas que passam por nossas vidas provocando ventos fortes, outras são verdadeiros vendavais. A escolha é nossa, entre a calmaria, a ventania e os leves sopros. É preciso tomar cuidado com os ciclones, que sugam, absorvem, consomem e destroem. O tipo de sentimento que optamos viver vai depender de nós, da situação e da condução que damos a ela. Os caminhos são imprescindíveis na sustentabilidade de uma relação, o seu início e seu próprio fim.
Tão complexos somos, repletos de sentimentos desejos e faltas, humanos e incompletos, daí porque chamamos de outra metade este outro que acaso venha nos preencher no amor que anseia o peito nosso.
*É Psicóloga Clínica, Coordenadora dos Cursos de Especialização em Psicologia da Fagre-IESC, Consultora Empresarial ( www.suzymauricio.com )

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