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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O vazio na Filosofia

Ana Cláudia Laurindo - Socióloga e Mestra em Educação Brasileira

“Mente sã em corpo são”, um jargão filosófico! Contudo, cada vez mais um desafio do nosso tempo real! Há algo de controvertido na filosofia do neoliberalismo! Algo do tipo “mente colonizada em corpo servil”.
Se em algum tempo já teve um status de recanto sagrado, hoje é palco de especulações, convencimentos e tramas comerciais. Atacada por um dilúvio de condicionamentos, nossa mente quase esquece a originalidade que a fez inventar outras e essa sociedade no seio da qual peleja para sobreviver. É quase proibido pensar!
Há sempre uma voz de sereia nos induzindo ao mergulho mortal no oceano das repetições! Todas as mentes, todas as caras, todos os corpos devem seguir o ritual da parecença! Não dá para falar diferente, ter o cabelo encaracolado ou olhar uma autoridade no olho! Falar “por favor” é quase pedir “pelo amor de Deus”, porque direitos viraram esmolas e ficou muito feio protestar!
Ninguém disse, mas todo mundo sabe que já não é chique amar e se entregar aos batuques e “trupés” da cultura local. Será essa a razão de a juventude alagoana não querer mais dançar Guerreiro? Será por isso que nosso Natal tem cada vez menos Pastoril?
Em contrapartida, na outra ponta, cresce a mortalidade juvenil. Mais jovens aderindo ao tráfico, enredando passos difíceis pelas vielas da desesperança. Pouca leitura, vocabulário parco, história escrita pelos outros, noticiando a tragédia, a morte prematura e anunciada! Tudo muito rápido! Infância curtíssima, de poucos brinquedos! Adolescência, sexo e drogas! Queima de arquivo, disputa, confronto, morreu o homem que nem chegou a ser!
Miséria corrosiva. Omissão. Corrupção ativa, cotidiana, banalizada. Violência institucionalizada. Raiva contida no silêncio de quem não tem como dizer, não sabe o que fazer e precisa viver. Alagoanos em busca de referências! Eu e você que decidiu fazer da vida um espetáculo anônimo, resistindo à praga da mesmice vencida olhando uns nos olhos dos outros, porque é assim que identificamos sonhos!
Resistência é mais que uma palavra forte! Resistir é manter os gostos e torcer pelo azul ou pelo encarnado, recusando compor a gritaria que a maioria faz. Quando a maioria não pensa se torna um perigo! Exilada a mente, falece o corpo. Fecha a cortina e o próximo ato será a contemplação das perdas, porque para essas histórias não há sequer a benção do fim.
Todos os dias há mortos e nascituros.

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