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domingo, 20 de dezembro de 2009

Perigo e empatia são sentidos diferentemente por homens e mulheres

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A partir de tecnologias de ressonância magnética, pesquisadores que fazem estudos de padrões de ativação cerebral chegaram à conclusão que homens e mulheres respondem diferentemente a estimulos negativos e positivos. “Homens direcionam mais atenção aos aspectos sensoriais e tendem a processar as informações em termos de definir as implicações da ação para a qual se precisa resposta”, diz Andrzej Urbanik, da Universidade de Krakow, na Polônia.

Para o estudo, Urbanik e seus colaboradores, recrutaram homens e mulheres na faixa entre os 18 e 36 anos e observaram os padrões cerebrais através de equipamentos de ressonância magnética, enquanto esses viam diversas imagens de situações cotidianas e que foram escolhidas por evocar determinadas emoções, tanto positivas quanto negativas.

Ao ver imagens negativas as mulheres tendiam a mostrar maior empatia com as situações, ativando áreas relativas à memórias de dor e prazer do cérebro. Já nos homens os padrões indicavam sentimentos subjetivos ligados à ação, ativando regiões ligadas à tomada de decisões.

“As mulheres mostraram respostas mais emocionais aos estímulos, enquanto os homens ativaram componentes automáticos e aumentaram os batimentos do coração e outras respostas automáticas do sistema nervoso”, observa Urbanik.

Essas funções automáticas incluindo respiração, batimentos cardíacos e digestão, ajudam a responder ao estresse e outros estímulos ambientais. É responsável pelo sentimento de “luta ou fuga”em situações de ameaça à integridade.

No caso das imagens positivas as mulheres mostraram uma maior e mais intensa ativação ligada à memória e ao processamento de sons. Os homens, por sua vez, se concentravam apenas nas imagens.

Nesse caso, indica Urbanik, os dados indicam que as mulheres analisam os estímulos positivos em um contexto social amplo e associam o que veem com uma memória específica. Homens são mais ligados ao que é perceptível diretamente. “Imagens positivas agem diretamente nas regiões ligadas à visualidade e geram um grande sentimento motivacional nos homens.”

Os dados do estudo de Urbanik poderiam explicar o sentimento de empatia como algo mais ligado ao feminino, pois é sentido mais intensamente pelas mulheres, ao mesmo tempo confirmaria, de certa forma, o “extinto de caçador” ligado à imagem masculina.

Evolução proporcionou diferenças nas respostas

“Do ponto de vista evolucionista, durante muito tempo no início do que podemos chamar de humanidade, o hábito dos homens sempre esteve ligado ao fato desses indivíduos andarem em bando e enfrentarem cenários de perigo constante constante ao terem que voltar com a caça – alimento – garantido assegurar a sobrevivência”, explica Cristiano Nabuco de Abreu, psicólogo do Instituto de Psiquiatria (IPq) da Faculdade de Medicina da USP.

Esse cenário inóspito, explica o especialista, garantiu que os indivíduos com maior noção geral do cenário amplo sobrevivessem. “Em um ambiente como esse é preciso estar atento ao que acontece ao redor e estar preparado para a resposta rápida ao perigo”.

No caso das mulheres, a convivência social sempre foi extremamente importante – o sentimento de empatia é primordial para uma boa convivência social – e proporcionar garantias para o bem estar da prole – o que envolve atenção constante, inclusive quanto à saúde pessoal e dos filhos.

“Isso pode explicar também porque mulheres, quando precisam conversar sobre os próprios sentimentos, recorrem às amigas. Essa empatia é inerente. Os homens ao contrário têm grande dificuldade para se comunicar sobre os sentimentos e mesmo para entendê-los”, diz Nabuco de Abreu.

Para o profissional o estudo produzido por Urbanik pode trazer novos dados de algo que já é bastante conhecido pela ciência. Agora a tecnologia permite entender melhor o pensamento entre homens e mulheres e proporcionar novas estratégias para melhorar as relações entre os casais, por exemplo.

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