Arrumei um caso novo, mas as coisas não estão funcionando na cama. Estou gorda, minha barriga é pura estria, minha bunda parece a lua e meus peitos são pequenos. Quando transamos, sinto agonia em pensar que ele está vendo meus defeitos (que com roupa até disfarço). Se ele me aperta a cintura, me esquivo dizendo que é cócegas: mentira, eu é que não quero que ele perceba minhas gordurinhas laterais. Por mim, só fazia sexo de luz apagada, mas ele quer de manhã, no chuveiro, depois do almoço e por aí vai. Assim não relaxo. Sinto que estou frustrando ele - e a mim também. O que eu faço?
Manu
Manu, Não seja louca. Sexo e prazer não são exclusividade das top models. Ao contrário, é provavelmente a alegria mais democrática do mundo: todo mundo sabe instintivamente como se faz e tem os instrumentos necessários para se divertir.
Não tirar partido disso por vergonha é uma bobagem. Pelo que você conta, ele está bem satisfeito com seu corpo. Do contrário, não iria sentir tanto tesão por você, certo?
Desejo tem a ver com outras coisas além do tamanho dos peitos ou do pênis. Química, fantasias, intimidade, o jeito como você fala, anda, toca, olha - tudo - isso desperta a libido e dá prazer, de uma forma muito mais profunda, duradoura e menos óbvia do que a simples imagem de uma bunda na página da revista.
A vida real é assim mesmo: nós temos montes de defeitos. Mas quando gostamos de alguém, passamos por cima deles - até achamos bonitinho! Por que diabos você releva a barriguinha dele, e ele beija a sua apaixonadamente, mas a senhorita não é capaz de se tolerar no espelho? Amar é aceitar, e se você não está se aceitando, falta um amor-próprio aí.
Pois bem: você é linda, bacana, inteligente, e o cara está afim desse conjunto - ou seja, é com a mulher que ele quer transar, não com a bunda. O gato está ali, pronto para a ação, sem que você tenha movido um dedo para excitá-lo? Garota, não tem prova maior de que ele te deseja exatamente como você é. Sem silicone, mas com um sorriso sacana de matar - ou ele gosta de peito pequeno mesmo, quem disse que não? (Mania besta essa de achar que sabe o que o outro está pensando e decidir por conta o certo e o errado).
Não importa o corpo que você tem, mas o que faz com ele. Meu amigo Marcelo se apaixonou perdidamente pela Alice, manequim 46. Os meninos da turma não entendiam: pô, ela é gordinha, blábláblá. Mas ele afirmava orgulhosíssimo: nunca tinha visto uma mulher como ela, capaz de cometer o melhor do sexo oral, sempre afim de transar, aberta a todas as fantasias, tão segura de si que ele é quem ficava com medo de não dar conta. Quer saber? Os caras morriam de inveja e imploravam pra ele contar as aventuras dos dois.
Moral da história: se você é capaz de seduzir um homem, tirar proveito dele e dar prazer, vai provocar mais tesão do que a coelhinha do mês. Cá entre nós: nada faz um moço tão feliz quanto sentir que uma mulher o deseja, sabe o que quer e geme de alegria, não desgosto. A gente não engana ninguém: você se esforça pra não mostrar a barriga, mas ele sabe que ela está ali. Assumir seu corpo sim é sexy, tentar escondê-lo brocha qualquer um (inclusive você mesma).
Enquanto você se convence disso, vamos ao problema: como transar essa noite sem neura. Arranje dois panos escuros - vale echarpe, meia-calça, gravata. Deixe a luz acesa, desnude o moço, amarre as mãos dele e vende os olhos. Pronto: você tem um homem que não enxerga nem toca seus defeitos. Agora, divirta-se à vontade. Depois, tenha coragem e deixe que ele faça o mesmo com você.
Você acha que a) ele vai aproveitar a situação para contar quantas estrias suas coxas têm, ou b) ele vai estar enlouquecido de tesão e se esforçar para você ir à lua e voltar três vezes? Se ele fizer a primeira opção, é um babaca e não merece desfrutar de sua cama. Mas aposto como será a segunda - e, se você se permitir ter prazer, quem sabe essa é a primeira noite de glória do resto da sua vida.
Anna O. é jornalista e escreve para as maiores revistas do país. Não entende de psicologia nem é analisada, mas acha que tem bom-senso e um baú de histórias pra contar, o que já é alguma coisa. Seja amigo dela: anna-o@uol.com.br
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