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segunda-feira, 30 de março de 2009

Só Ana Maria Braga salva Alagoas.

Explico! Desde dezembro de 2007 que a imprensa mal-fadada alagoana divulga, DIARIAMENTE, informações sobre uma conhecida Operação Taturana, onde a Polícia Federal conseguiu reunir provas sobre o desvio de cerca de 300 milhões de reais. Desvio praticado por uma quadrilha liderada por deputados estaduais (na maioria) que vinha alterando a folha de pagamento dos servidores da Assembléia Legislativa do Estado e desviando recursos oriundos do duodécimo. Naquele mês foram cumpridos cerca de 80 mandados de busca e apreensão, armas foram encontradas em fazendas, bens foram confiscados, carros de luxo pertencentes a deputados foram recolhidos para o pátio da PF e, no limite, um tal Antônio Sapucaia – desembargador prestes a se aposentar – resolveu afastar a bagatela de 11 dos 27 deputados estaduais da Assembléia.
Mas, em verdade, quando tudo começa em Alagoas? Ah! Uma pergunta dessa natureza não tem o menor cabimento, não se sabe ao certo se foi quando os europeus invadiram o Brasil – e a História achou por bem dizer que foi um descobrimento – ou se foi quando alguns homens dividiram as terras e começaram a plantar cana-de-açúcar e pegar dinheiro emprestado a banco do Estado. Mas se alguém souber realmente nos avisa, eu chego a suspeitar que alguns desses deputados se contaminaram com a epidemia da corrupção ainda com o leite materno.
Voltando aos fatos: transcorrido algum tempo, algumas cadeiras na Assembléia foram ocupadas por suplentes dos deputados afastados enquanto o processo não era julgado: culpados ou corruptos. Na medida em que esses novos deputados iam assumindo as vagas, se cumpria a lei que assegura esse procedimento, mas ao mesmo tempo se dava mais uma cacetada na nossa jovem democracia pós-ditadura. Democracia moderna, prá ser sucinto, tem como princípio básico elementos como a liberdade e a soberania popular, que os partidos políticos sejam instituições que representem interesses coletivos e o princípio de representatividade tem que ser posto em prática, não é só votar e ser votado. Mas que representatividade terá um sistema democrático onde um deputado assume uma vaga numa assembléia legislativa do seu estado com uma pífia votação de 340 votos num universo de quase 2 milhões de eleitores? Se isso é um exemplo de fragilidade da democracia, mais frágil ainda ela se torna quando outros 11 deputados são afastados por corrupção (leia-se: desvio de 300 milhões de reais).
Na medida em que chega a vez dos advogados de plantão começar a procurar brechas jurídicas para levar de volta os “taturanas” afastados, o Estado de Alagoas começa a viver um movimento de indignação tacanho expresso apenas pela insatisfação de alguns poucos, talvez dois ou três jornalistas que se posicionam pessoalmente contra o que vem acontecendo, insistindo em divulgar o que a massa não tem dinheiro prá comprar e nem leitura pra entender. Também surge aqui e ali movimentos que se insuflam contra os “taturanas”, mas isso ainda perde espaço na mídia pois estão se articulando as eleições municipais (outubro de 2008) em todo o país, buscando para si os holofotes que se retiram da corrupção da assembléia.
Mas o fato mais importante que poderia acontecer no Brasil ganha as capas e páginas centrais dos principais meios de comunicação (impresso, digital, boca-a-boca): o conturbado romance de Suzana Vieira com um fraco, agressivo, machista e ainda muito jovem bombeiro, resultando em escândalos e na sua separação da atriz global para um desfecho trágico com sua morte por ocasião do uso de drogas. Há de se observar uma coisa: terá sido mesmo a morte do bombeiro fruto da causalidade ou será que foi o poder mágico da praga de Ana Maria Braga ao desejar que ele sumisse do mundo como um favor à humanidade? Se foi um favor ou não à humanidade isso não vem ao caso agora, o mais importante aqui é perceber os poderes mágicos e funcionais de Ana Maria Braga e instrumentalizá-lo para o bem da população de Alagoas.
Para o bem da democracia, Ana Maria Braga deveria se pronunciar, fazer uns pedidos, desejar ao vivo e em rede nacional através de sua verborragia, que mais pessoas sumissem desse mundo. Para o bem da democracia e da justiça... se bem que a Justiça de Alagoas só nos ensinou nos últimos meses o significado da palavra morosidade ao não ter julgado os “taturanas” e o processo ter ido cair nas mãos do Sr. Presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que se pronunciou num primeiro momento pelo retorno dos “nossos” “deputados”, que por sua vez, insistem em retornar aos seus gabinetes.
Prá não ser tão maquiavélica, bem que Ana Maria Braga poderia ser boazinha numa dessas manhãs globais e desejar, não que os todos os taturanas sumissem do mundo, mas que o Gilmar Mendes tirasse umas férias. Prá não ser tão bruxa, o feitiço só precisa ser prá o Gilmar Mendes mesmo, porque se ela fizer o pedido-feitiço-mandinga-mágica para punir os corruptos de Alagoas nós teríamos um problema com inflação de caixão. Prá não ser tão cospe-fogo, Ana Maria Braga poderia desejar só para o Gilmar Mendes, isso já iria assegurar um pouco menos de fascismo à democracia corrupta.

Um P.S. (sem corrupção ativa): Prá se ter uma idéia de que são 300 milhões de reais, vamos usar um parâmetro de comparação que os deputados tanto gostam: carros. Fica até melhor prá pensar com essa variável já que “classe menos privilegiada” (os pobres mesmo) pode ter uma dificuldade de entender como uma verba desse montante pode ser transformada em políticas públicas de geração de trabalho e renda e combate à pobreza. Prá se ter uma idéia, 300 milhões é dinheiro que dá prá comprar, em média, 13.790 carros populares que enfileirados daria um congestionamento médio de 70 quilômetros (deputado que lê esse texto vai se decepcionar porque eles não conseguem abstrair se colocarmos como medida de comparação carro popular) ...Ana Maria Braga nós “gostamos” de você, faz mais um prá gente vê!

Ranulfo Paranhos
Mestrando – Ciência Política-UFPE
ranulfo.al@hotmail.com

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