Coluna Contraponto - Clique no LINK ABAIXO

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Banco de Alimentos.

Banco de Alimentos encaminha produtos não comercializados a quem precisa

Banco de Alimentos encaminha produtos não comercializados a quem precisa
Embora ainda haja pessoas passando fome no Brasil, toneladas de alimentos são jogadas fora todos os dias em nosso país, por motivos variados. A comercialização é um deles. Nem sempre a clientela aparece em número suficiente para comprar os produtos à venda. O que sobra vai para o lixo. Outros alimentos se machucam no transporte, perdem a boa aparência para ir para as gôndolas e também são jogados fora.



Para combater esse desperdício, Luciana Chinaglia Quintão estruturou, em 1998, a ONG Banco de Alimentos [http://www.bancodealimentos.org.br]. Seu objetivo é recolher produtos bons para consumo que não foram vendidos e iriam para o lixo por questões de mercado, entregando-os a quem precisa.



Seus doadores são micro, pequenos, médios e grandes empresários da área de alimentação, como sacolões, hortifrútis, mercados municipais, fabricantes, e distribuidores, bem como agricultores que doam o produto direto da terra.



Os alimentos arrecadados e já embalados são pesados e discriminados por qualidade e quantidade num recibo que é conferido e assinado pelo doador. Ao receberem os alimentos, as entidades assistidas também assinam recibo indicando quantidade e qualidade. No final do dia, o total doado e o distribuído têm de bater.



Com esse sistema, a ONG ajuda atualmente 51 instituições, a maioria dedicada à assistência de crianças e idosos. No primeiro mês de 2009, esse trabalho evitou que 53.178,75 kg de alimentos virassem lixo, beneficiando cerca de 22 mil pessoas por meio de 692.250 refeições complementadas.



Além disso, o Banco de Alimentos promove ações educativas e profiláticas voltadas para as comunidades atendidas e atua na sociedade como um todo no sentido de promover uma mudança de cultura, incentivando a ação e o combate ao desperdício.



Desperdício caseiro



A ação ampliada para as residências é de suma importância. Uma recente pesquisa feita pelo Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, em parceria com um grande fabricante de alimentos e o IBGE, apurou que entre 20% e 40% dos alimentos perecíveis vão para o lixo nas casas brasileiras. Isso significa que 39 mil toneladas de comida são jogadas fora todos os dias, o que inspirou a campanha 1/3 de Tudo o Que Você Compra Vai Direto para o Lixo.



O levantamento também mostrou que, no Brasil, 14 milhões de pessoas passam fome, enquanto 70 milhões estão acima do peso. Para equilibrar esse cenário, é preciso mais consciência ao lidar com os alimentos. Uma boa alternativa é o mapeamento das necessidades de alimentos frescos e a encomenda de cestas diretamente de produtores. Assim, minimiza-se o desperdício também no campo.



Se a opção for por cestas de alimentos orgânicos, os ganhos gerais são ainda maiores, pois a produção em larga escala, por meio das predominantes monoculturas garantidas por fertilizantes e defensivos químicos, está deixando um passivo ambiental de saldo desconhecido.



Aliança urbano-rural



Foi pensando nisso que Luís Moura, cuja vida tem sido dedicada à difusão da agroecologia, estruturou a Aliança Social, um sistema que aproxima famílias urbanas de famílias rurais do entorno da cidade em que vivem. O sistema promove um contato estreito entre os dois lados. O simples ato de comprar e consumir é substituído pelo entrosamento entre produtores e receptores, que mantêm uma agenda de encontros para planejamento e avaliação, reuniões e confraternização.



“É bom saber de onde vêm os alimentos que eu consumo”, conta Patrícia Lima, participante do movimento. Ela conta ainda que os aliados formam uma rede por meio da qual trocam receitas e planejam em conjunto outras ações em prol do meio ambiente.



Moura iniciou a Aliança Social em Fortaleza, no Ceará, onde participam cerca de 500 famílias. Atualmente, existem grupos de aliados em alguns pontos do Brasil e também no Paraguai.



Por Neuza Árbocz (Envolverde), especialmente para o Ethos / Edição: Benjamin S. Gonçalves

Nenhum comentário: