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domingo, 26 de abril de 2009

A ansiedade é pior do que a crise .

Você conhece alguém que perdeu o emprego por causa da crise?

Não? Ok.

E alguém que está morrendo de medo de perder o emprego por causa da crise?

Ah, esses são muitos, incontáveis, proliferam em todos os ramos de atividade, estão aqui perto em empresas que frequento, estão na família, estão entre os amigos, e se há um sentimento que impera entre eles, este sentimento é a ansiedade.

Falando assim parece coisa boba, à toa, ansiedade é "problema de mulher grávida", diriam os machistas idiossincráticos.

Não é, não.

Ansiedade é muito, muito ruim, dizem os especialistas.

Pode até se transformar numa síndrome, ocasionando diversos transtornos, entre eles o descontrole da pressão arterial, um perigo para tiozinhos como eu e tantos outros...

Eis uma definição livre da ansiedade, retirada da também livre Wikipédia: ansiedade, ânsia ou nervosismo é uma característica biológica do ser humano, que antecede momentos de perigo real ou imaginário, marcada por sensações corporais desagradáveis, tais como uma sensação de vazio no estômago, coração batendo rápido, medo intenso, aperto no tórax, transpiração etc.

Encarar um problema e resolvê-lo, por mais complexo, doloroso e inesperado que ele seja, pode ser muito mais fácil do que conviver com a ideia de um problema que ainda está para surgir e em relação ao qual não se pode fazer nada por enquanto. Esse estado de apreensão com algo que pode nem se realizar é matador!

Outra definição clássica de ansiedade, que aqui se aplica perfeitamente: ansiedade é o medo do futuro.

Que futuro incerto, o que vem por aí, não, depois de tantos bancos quebrando, o american way of life indo para a cucuia, marcas famosas tipo GM quase fechando as portas e o Brasil e a gente nesse meio, esperando o pior, mesmo estranhando que o país ainda não tenha quebrado, como quebrou em outras ocasiões. Desta vez estamos mais bem-preparados, mais estruturados economicamente, crescemos e aparecemos?

Parece que sim, até o Obama nos nota de forma diferencial...

Mas, e o medão, e a ansiedade, que resiste e espera cada novo dia como se fosse o prenúncio do aviso prévio, da concordata, do saldo negativo.

Haja estômago...

Ou dentes.

Dentes?

Explico: uma dos efeitos do estado de ansiedade, que não está relacionado acima, é o ranger de dentes, informa minha dentista.

Sabe aquela travada no maxilar, como se a gente estivesse mordendo o mundo para não cair?

Quem, em momentos difíceis, nunca acordou com dor no queixo de tanto premer os dentes durante o sono?

Essa não é apenas uma impressão, há, por aqui, pelo menos um indicador concreto de que a crise está literalmente nas bocas: no primeiro trimestre deste ano minha dentista, que cuida de gente classe média alta em São Paulo, atendeu pelo menos 10 casos de pacientes com trauma dentário, número superior ao total de casos similares que a ela chegaram durante todo o ano passado.

Sim, dentes quebrados, todos casos de gente que não tinha nada demais na boca, mas sim ansiedade para dar e vender, por causa de uma crise que em muitos casos nem sequer deu as caras ainda.

Imagine quando, e se, o bicho pegar para valer...

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