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sábado, 25 de abril de 2009

Deputado confirma venda de suas passagens.....

Gabinetes vendem senhas de emissão de bilhete a agências
Sindicância da Câmara faz descoberta ao investigar terceirização de cotas aéreas

,,,, comissão apura outras nove suspeitas, incluindo negociação de bilhetes



O esquema do desvio de passagens aéreas da Câmara começa a ser revelado por uma investigação interna e admitido pelos próprios políticos: enquanto um deputado confirmou que suas cotas eram comercializadas, uma sindicância da Casa descobriu que senhas usadas nos gabinetes para a emissão de bilhetes foram vendidas para agências de viagens.
A comissão de três técnicos ainda não sabe se apenas assessores ou também deputados participaram do esquema. A quantidade e os nomes dos envolvidos não foram revelados. As senhas são fornecidas por companhias aéreas para que os gabinetes possam administrar a cota via internet. Com a venda das mesmas, diz a sindicância, tudo era feito pelas agências de viagens, que podiam vender os bilhetes a terceiros.
A sindicância da Câmara foi instalada na semana passada para apurar o uso da cota de passagens de Paulo Roberto (PTB-RS) e Fernando de Fabinho (DEM-BA) pelo presidente do Supremo, Gilmar Mendes, e pelo ministro Eros Grau.
A constatação é que os ministros foram vítimas do esquema, já que os bilhetes comprados por eles foram adulteradas e eles não tinham como saber que as passagens eram da cota.
A comissão investiga suspeitas de terceirização da cota aérea, incluindo o esquema revelado ontem pela Folha. Os gabinetes de Aníbal Gomes (PMDB-CE), Dilceu Sperafico (PP-PR) e Vadão Gomes (PP-SP) emitiram bilhetes aéreos para Paris em nome de pessoas que jamais viram e que afirmam ter feito a compra em uma agência de viagens.
Ana Pérsia, servidora de Gomes, admitiu à reportagem ter incluído os nomes na cota dele. Outro investigado é o deputado Nazareno Fonteles (PT-PI), que confirmou ontem a existência do esquema. Segundo ele, uma servidora de seu gabinete admitiu que vendeu inúmeras passagens. Fonteles nega ter participação no caso e disse que exonerou Rosimere Gomes da Silva.
"Ela admitiu que vendeu. Não faço ideia de quantas [passagens] foram, mas devem ter sido dezenas." Na segunda, a Folha revelou que um terço dos integrantes do Conselho de Ética emitiu pelo menos 35 passagens para o exterior em seus próprios nomes ou no de terceiros. Fonteles é integrante do conselho. Na cota dele foram emitidos cinco bilhetes em nome de terceiros para Miami, mas Fonteles não reconheceu os beneficiários. Rosimere não atendeu às ligações da reportagem.
As demais suspeitas de negociação de passagens estão nos gabinetes dos deputados Otávio Leite (PSDB-RJ), Nelson Marquezelli (PTB-SP) e Vieira da Cunha (PDT-RS). João Carlos Bacelar (PR-BA), por sua vez, disse que pediu para a Câmara investigar o uso de seu cartão fidelidade.
O ministro José Múcio (Relações Institucionais) também disse que os responsáveis pelo caso devem ser punidos. Segundo ele, na reunião de coordenação política, o presidente Lula afirmou que, por conta do rolo compressor das notícias negativas sobre o Congresso, o cidadão comum tem tido dificuldade para compreendê-las.
Diante das suspeitas, a Casa divulgou o projeto de resolução assinado pelos integrantes da Mesa que dever ser votado em plenário na próxima semana. O texto limita-se a dizer que a verba "poderá ser utilizada para a locomoção em todo o território nacional", mas não fala sobre viagens internacionais.
A redação do projeto também deixa brechas para viagens de parentes ao usar o verbo poderá ao invés de deverá "ser usada pelo próprio parlamentar ou por assessores, neste último caso mediante comunicação à Mesa". A Câmara diz que houve erro de redação. A cota para líderes fica mantida.

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