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domingo, 5 de abril de 2009

A bacanal do senado da república

MENDONÇA NETO

Oitenta e um sujeitos foram eleitos para ser senadores. O Senado é uma casa legislativa revisora, cuja função primacial seria "conter e corrigir" os excessos da Câmara dos Deputados. Funcionaria como um Conselho de sábios e experimentados homens públicos, com saber jurídico e político, para dar forma definitiva a projetos de lei, impondo o peso de sua sabedoria, probidade e competência, para dar acabamento ao processo legislativo brasileiro.

Em sua história antiga ou recente, refulgem nomes de prestígio moral, intelectual e senso ético, desde a presença magnífica de um Rui Barbosa ou de um Tavares Bastos, até os mais modernos senadores como Paulo Brossard, Teotônio Vilela, Afonso Arinos de Mello Franco e Darci Ribeiro.

Porém, para espanto de uma nação que vive sob o sofrimento de tantos espantos vis, o Senado foi se degradando, se aviltando, se desmoralizando, se coisificando, se diminuindo, se prostituindo, até ser, como agora o é, com todos os méritos, a maior bacanal político do país, submerso sob uma crosta camada merdificante de mediocridade, esperteza rasteira, ignorância alvar e, sobretudo, refém do mais deslavado cinismo.

Casa de privilégios sempre foi, mas casa de tolerância e proxenetismo político, tornou-se agora, sobretudo depois que o Brasil assistiu, indignado e impotente, a ação espetacular de Renan Calheiros, em, para ser absolvido embora criminoso, tenha posto cada um dos senadores no canto da parede, sob o argumento de favores indecentes com dinheiro público ou de chantagens, ameaçando da tribuna do Senado, revelar os crimes políticos, financeiros e sexuais de seus pares, caso tivessem a audácia de condená-lo.

Ao se curvarem a Renan, cujos crimes toda a nação conheceu e condenou, enojada, o Senado desvestiu-se de seu manto de instituição republicana, de sua prerrogativa de intérprete da vontade do Estados da Federação e passou a ser, na mais vergonhosa e abominável caput diminutio do Congresso, serva e pajem dos canalhas triunfantes.

Tudo tornou-se possível. A contratação de dezenas de assessores, sem trabalhar, com salários estratosféricos, a concessão de passagens aéreas graciosas (Rosane Sarney teve o desplante de confessar que mandou trazer do Maranhão, às custas do Congresso, seus parceiros de jogo de baralho, e os hospedou na casa oficial da presidência do Senado, como em uma bacanal romana, entre vinhos, blefes, gargalhadas e desprezo pelos mandatos que arrebanharam de um povo pobre e ludibriado, reiteradas vezes), além de criar chefias e sub chefias para distribuir entre os apaniguados, serelepes nos corredores atapetados, no serviço abjeto da mais abjeta subserviência, sempre as custas do contribuinte.

Transformou-se o outrora vetusto Senado federal em uma gandaia mercantilista, onde todos, rigorosamente todos, viraram farinha do mesmo saco, cobrando o depósito em suas contas de verbas indenizatórias que jamais gastaram para o exercício do mandato, mas para meter no bolso e pagar a pensão da amante ou a esbórnia de filhos, amigos e entourage. Digo isto e retifico: um senador não recebe os R$ 15 mil da infâmia desta verba paga para o senador vender sua dignidade por tão pouco: o jovem suplente de Jéferson Peres, que não usava este dinheiro, e que, depois de sua morte, seu sucessor também dispensou, em uma atitude sem seguidores.

Ouvi na Tv Senado cada um dos senadores tentando driblar sua culpa, desde o adocicado representante do Rio Grande do Norte, Agripino Maia, que sem tremer a voz, disse que gastava, todo mês, o teto de R$ 15 mil e que tinha as notas fiscais para comprovar. Ora, minha leitora, a senhora admite que um senador que seja decente, possa gastar, com despesas de indenização por táxis, eventuais jantares a serviço do mandato (?) as quantia de R$ 500 diários, inclusive sábados e domingos? Que tipo de atuação é esta de um senador, que passa a semana em Brasília, e consegue ter uma despesa EXTRA de R$ 15 mil por mês? E veja a senhora que esta cidadão falou de queixo levantado, com aquele perfil de um varão de Plutarco moderno, que dissesse com orgulho: "Sim, eu gasto R$ 500 todo dia de nosso senhor, em gorjetas e propinas!"

Renan Calheiros, lama por todos os lados, ria como um sujeito que acabou de sair de um internamento psiquiátrico: era o seu melhor ambiente: o Senado como latrina do que há de mais podre na República, em que - em um aparte - o dono das vacas milionárias, pediu uma "agenda positiva" para o Senado.

O descaramento procede. Um Senado que absolveu este patife e o aceita como líder deste partido de esgoto, que é hoje o PMDB, um senado como este, merece um Renan como condotiere e chefe. Quem assiste a Tv Senado, pode ver os cochichos dos chamados senadores da oposição com o execrável Renan, escudeiro desta figura lastimável de José Sarney, que quer morrer como viveu: torpe e rasteiro.

Dizem que está quase pronta uma cela para prender eventuais criminosos que invadam o Senado. Querem, agora, suspender suas construção, por medida de economia. Nada mais equivocado. Há 80, pelo menos, sérios candidatos a ocupá-la, por crimes das mais variadas ca-tegorias, nem que seja no democrático processo do rodízio.

Um sertanejo de Delmiro Gouveia me escreve e me emociona, afirmando que recebe meus artigos como o sertão estorricado, recebe a chuva nas suas grandes secas. E, uma leitora, Geuzimar, me honra dizendo: Mais uma vez PARABÉNS, esse artigo deveria virar um MURAL nas ruas da CIDADE, para que todos tivessem a OPORTUNUDADE de ler, e quando fossem votar, escolher me-lhor os que se dizem POLÍTICOS QUE TRABALHAM PELO POVO."
Não quero ser injusto e não citar tantas mãos que os alagoanos estendem a mim nas ruas, seja o Carlos Paes, médico respeitado, que me cumprimenta com vigor, ou o Nivaldo Guedes, funcionário do Banco do Brasil, que comete a temeridade de me comparar a Demóstenes, ou o capelense Paulo Alves, que liga e desabafa: "Não é possível que os alagoanos lendo seus artigos, não tomem vergonha na cara".

E eu vejo este Senado transformado em antro de negociata, favores escusos, locupletação infame, dossiês de chantagem, esbórnia com o dinheiro público, e penso nas eleições de 2010. Renovaremos a nossa representação parlamentar: os doze cavaleiros do apocalipse político? Ou vamos aceitar, sem reação, que os Renans, Albuquerques, Ferros, Beltrões, tornem a comprar mandatos e a humilhar e desmoralizar nosso povo e nossa terra?
No escritório do deputado José Costa, reuni-me com a vereadora Heloisa Helena e requeri minha filiação ao PSOL, sugestão de dezenas de leitores e partido que surge como esperança viva de um grande encontro de Alagoas com a verdade e de uma completa transformação da vida pública alagoana.

Disse-lhe que serei um soldado do partido, que não almejo cargos nem benefícios, nem favores, mas apenas militar politicamente a serviço do povo de Alagoas.
Este é o meu propósito, porque jogo limpo e sei que a política alagoana começa a clarear eticamente. As nuvens da corrupção estão começando a dissipar-se e um novo tempo nos aguarda, se tivermos coragem, humildade e competência para ouvirmos os clamores do povo.

NÃO CONSIGO ACEITAR

Venho dirigindo meu carro pela Av. Fernandes Lima e vejo à minha frente um carro oficial, chapa preta. Leio o que ela diz com a velha curiosidade do repórter: Corregedoria do Tribunal de Justiça. Sempre fui contra este excesso de carros oficiais e em 1983, devolvi o que queriam me ceder na Assembléia, o que provocou tremenda irritação dos políticos da época, mas grande repercussão nacional, inclusive um contundente editorial do Jornal do Brasil, a mau favor, sob o título: "Conivência exposta". Reconheço, porém, que se pode ter dois ou três carros oficiais para servir a um Presidente de um poder ou para a área administrativa.
Mas, no caso deste carro, incomodou-me ser uma Pajero de luxo, que custa R$ 150 mil, e, mais ainda, a inscrição na sua traseira, SPORT, carro possante e usado para quem viaja em terrenos difíceis ou faz trilhas e acampamentos. Mas, pergunto sem querer polêmica e muito menos melindrar a Justiça: Por que não um carro de , digamos, R$ 50 mil, com conforto e segurança? Para que um veículo tão caro? E para que esportivo? Por acaso esta modalidade faz parte dos deveres da Corregedoria de Justiça?

FALANDO A LINGUA DE RACINE

A médica Ana Constant foi escolhida como nova diretora do clube do vinho da Aliança Francesa, em Alagoas. Em um Estado conflagrado por tantas crises e tantas carências, faz bem saber que um time respeitável de alagoanos cultive-se na cultura da língua que Racine, Proust, Vitor Hugo, Alexandre Dumas, Rosseau, Voltaire, Rimbaud e tantos outros imortalizaram ao longo dos séculos. Seria muito bom que todos pudessem estudar nossa língua portuguesa e conhece-la bem, mas também, abrir janelas para o mundo. Dizem os experts nacionais, que, hoje, só faz bom negócio na China, o colosso de 2 bilhões de habitantes, quem fala mandarim. A Aliança Francesa é a uma pequena e próspera ilha de civilização cultural nas Alagoas.

EM DEFESA DE TUTMÉS

Conheço o advogado Tutmés Airan, como dizia Machado de Assis, apenas de chapéu e de bons dias. Nada lhe devo e a ele nada deve a mim. Todavia, diante da tentativa de arranca-lo do Tribunal de Justiça, não posso deixar de opinar: Se o então procurador perdeu alguns processos, evidente que deve satisfação à instituição, sendo ou não sendo procurador. A boa fé deve ser examinada, se existiu. E, se existiu, não será uma perda de processos, recuperáveis pela recons-tituição dos autos, sem prejuízo a ninguém, que irá provocar a perda do cargo de desembargador. Uma coisa é apurar um incidente administrativo, outra cassar um magistrado. Afinal, o advogado que tomou a iniciativa, é patrono dos de-putados estaduais afastados, e, lá, na ALE, o que de menos grave aconteceu, foi a perda de documentos. E o ilustre advogado, cumprindo sua missão, tenta provar, dolorosa missão, que nada se perdeu no legislativo, nem papéis, nem R$ 280 milhões e nem a grandeza da representação popular.

BARENCO ESTÁ EM DÉBITO

O chefe da polícia civil, Marcilio Barenco, disse, há meses, a este repórter, que estavam sendo apurados todos os crimes de mando, arquivados ao longo do tempo, por nefasta e criminosa proteção política. E que havia dezenas de inquéritos em andamento, de que a sociedade tomaria conhecimento, rapidamente. Passaram-se alguns meses e o ilustre delegado não tocou mais no assunto e nem revelou os autores dos diversos crimes que estariam sendo apurados. Sem falar nesta onda de selvageria brutal do crime comum, inclusive do cônego Henrique Soares, a quem me solidarizo, que foi seqüestrado e espancado, cujo rosto sangrando lembrava uma cena das antigas arenas romanas. O delegado Barenco, em quem confio, deve explicações aos alagoanos. Onde estão e como estão os inquéritos?

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