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quarta-feira, 1 de julho de 2009

BLOG ODILON RIOS

A santa patrulha contra o jornalista da maldade

Relutei antes de escrever algo a respeito do fim da obrigatoriedade do diploma para os jornalistas, talvez para acompanhar como o debate iria evoluir aqui em Alagoas. Confesso que fiquei preocupado, depois de ler alguns bons textos a respeito do tema e cito aqui o do professor Yuri Brandão, incluindo os comentários dos internautas.

Apesar da honestidade intelectual do professor, não posso concordar com os argumentos ali expostos, em seu blog. E peço perdão aos leitores, por usar o texto em primeira pessoa e falar de algo tão específico a uma classe, na qual estou incluído. Comparar o diploma ao “dragão da maldade” (Alberto Dines) vai muito além do senso psicológico, competências ou habilidades ou o “mau” e o “bem” em nossas relações de mundo.

O tom de raiva e o ódio de alguns comentadores, através de pseudônimos nos blogs, ao se referir ao fim do diploma, é legítimo. Nem sempre a razão ética está com eles. Lembrando dessa responsabilidade ética no exercício do jornalismo- caminho construído, de maneira aperfeiçoada, na passagem do jornalista pelos bancos da universidade com diploma reconhecido e depois dela, ao longo da sua trajetória profissional.

Nada de “liberdade de expressão” foi levado em conta nesta discussão do diploma. Pistas com o próprio relator da matéria- sobre o fim do diploma- o ministro Gilmar Mendes. Dias depois, em entrevista, falou ele: “desregulamentar profissões”. Esse é o tema. Extingue-se o diploma do jornalista não porque os profissionais são “maus”, “preguiçosos”, da “patrulhada da esquerda”, mas porque segue-se um contexto: desregulamentados, os profissionais são guiados pela mão invisível do mercado. Que não é invisível. Atende-se a uma exigência do mercado e para o mercado. Competência? Aquela que o mercado dita.

Também deve-se ler artigo do jornalista Alberto Dines http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=543DAC001 e os parceiros que não discutiram competências ou vitoriosos ou habilidades ou ainda a revolução da esquerda na hora de encerrar a exigência do diploma para os jornalistas. Nem ainda entraram nos ditames a respeito da liberdade de expressão ou nas “heranças” da ditadura militar nem detalhes sobre os talentos ou jornalistas sem diploma que “deram certo”.

Uma reflexão crítica depende de uma formação jornalística condigna. Não ativismo e blábláblá de mercado e talento. Formação universitária, isso sim. Com diploma, isso sim. E esse diploma válido, isso sim. Seguindo conteúdos obrigatórios da Academia, o jornalista, assim como o advogado, o médico, constroem suas experiências, criam possibilidades, não se transformam em repositórios de conceitos professorais ou robôs da “boa conduta” transcrita nos livros. O jornalista é um sujeito em formação dando forma à realidade. Como diria Cláudio Abrahmo, ser jornalista é fazer um “exercício de criatividade”. Exercício da “revolução”? “Militância”? Prefiro dizer algo “socialmente aprendido” (Paulo Freire). E isso também é ciência.

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