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sábado, 4 de julho de 2009

‘Lula nada fez para evitar perda moral do Congresso’

‘Lula nada fez para evitar perda moral do Congresso’
Fábio Pozzebom/ABr




Num instante em que Lula cobra do petismo o apoio à presidência cambaleante de José Sarney (PMDB-AP), Tião Viana (PT-AC) aponta o dedo na direção do Planalto.



Afirma: “Lula nada fez para evitar a desconstrução e a perda de autoridade moral do Congresso. Os partidos estão mais fracos e deteriorados do que antes de sua posse.”



Abandonado por Lula na disputa em que Sarney prevaleceu sobre ele, em fevereiro passado, Tião diz que o Senado “está em chamas”.



Traduz o fogaréu em cifras: “Perde 80% do tempo em debates vazios e gasta os 20% restantes numa disputa entre governo e oposição que não leva a lugar nenhum”.



Diz que, na Câmara, o governo tem vida fácil graças ao "fisiologismo". Classifica de "tragédia" o fato de o PMDB "dirigir as duas casas do Congresso".



Acha que o partido, sócio majoritárioo do consórcio político que dá suporte a Lula no Legislativo, é "a essência do fisiologismo".



Na contramão do que dissera Lula, Tião declara que Sarney deve ser tratado como "uma pessoa comum". Ele é um dos senadores do PT que defendem o afastamento, por meio de licença, do presidente do Senado.



Tião falou à repórter Sandra Brasil. A entrevista foi levada às páginas da última edição de Veja. Vai abaixo o conteúdo:







- Como o Senado chegou a um nível tão baixo?
Até 2002, ainda havia no Senado um debate conceitual, ideológico. No início do governo Lula, ainda votamos a Reforma da Previdência. Mas logo o mensalão substituiu esses projetos na agenda da Casa. Daí em diante, nada mais andou, e perdemos a conexão com os interesses do cidadão.

- O Senado ainda faz algo relevante?
A Casa está em chamas. Perde 80% do tempo em debates vazios e gasta os 20% restantes numa disputa entre governo e oposição que não leva a lugar nenhum. No Senado, o governo tem uma maioria apertada e vive no fio da navalha. Negocia voto a voto. Na Câmara dos Deputados, é mais fácil porque lá o fisiologismo impera.

- Poderia explicar melhor?
É da cultura política brasileira. O governo controla a Câmara atendendo aos pedidos dos deputados com emendas parlamentares e com nomeações para cargos no Executivo.

- A forma como o presidente Lula negocia com o Senado é adequada?
Lula é o melhor presidente que o Brasil já elegeu. Os resultados econômicos e sociais do seu governo nos orgulham. No entanto, ele deixa uma grande frustração no que se pensava ser uma de suas maiores habilidades: a política partidária. Lula nada fez para evitar a desconstrução e a perda de autoridade moral do Congresso. Os partidos estão mais fracos e deteriorados do que antes de sua posse. E é papel do chefe de estado fazer com que as instituições como o Parlamento sejam vigorosas.

- O que explica a omissão dele?
Dá para entender as razões do presidente Lula. Ele sofreu muito com as ofensas pessoais durante o mensalão. Depois disso, com 82% de aprovação popular, adotou o pragmatismo para manter a maioria no Parlamento e resolveu que não precisava do Congresso. Tanto que José Dirceu foi o último ministro [da Casa Civil até 2005] que dialogou com o Senado.

- Lula defende um tratamento privilegiado ao senador Sarney. E o senhor?
Sarney deve ser tratado como uma pessoa comum. Acontece que o presidente Lula é muito generoso com quem está em dificuldade. Marcou a vida dele o fato de Sarney tê-lo defendido na eleição de 2002, quando enfrentou o [governador paulista] José Serra, e de ter sido solidário no episódio do mensalão. Por isso, Lula foi até onde pôde com a minha candidatura à presidência do Senado. Depois, olhou com pragmatismo para as eleições de 2010, que são fundamentais para o seu projeto de nação.

- O presidente Lula o traiu na eleição do Senado?
Ele levou em conta que o PMDB é essencial para 2010. Decidiu respeitar as forças que impuseram a candidatura Sarney, porque privilegiou a candidatura Dilma Rousseff e a necessidade de coalizão. Não guardo mágoas, mas é uma tragédia um partido dirigir as duas casas do Congresso. Ainda mais quando esse partido é o PMDB.

- Por quê?
O PMDB é a essência do fisiologismo. Tem bons quadros, mas vive de troca de favores. Ignora concepção programática, visão doutrinária, tudo para acomodar os interesses dos seus parlamentares, que só querem assegurar suas reeleições.

- O senhor ainda quer ser presidente do Senado?
Se me oferecessem o cargo hoje, a cadeira ficaria vazia. Eu não romperia com meus ideais por um ato de vaidade. Nós, idealistas, achamos que o Legislativo não sobreviverá se continuar funcionando apenas na base do beija-mão do governo. O Senado deveria cuidar da regulação e da proteção do estado sem ultrapassar o limite de revisor das leis. Não dá para presidir a Casa hoje sem forças para fazer o resgate desse papel. Aliás, Sarney deveria tomar consciência de que, sozinho, ele é insuficiente para mudar o Senado. Por uma razão: foi eleito com o apoio daquela casta de servidores para manter a estrutura atual. Ele deveria radicalizar na transparência e adotar medidas moralizadoras.

- O senhor fala em idealismo, mas confundiu o bem público com o privado ao emprestar um celular do Senado para sua filha usar em uma viagem de férias ao México.
Eu errei. Foi um ato irrefletido de um pai superprotetor. A minha filha ia para um lugar estranho e, para encontrá-la a qualquer momento, entreguei o celular. Mas, um mês e meio antes da chegada da conta, que é trimestral, acessaram minha fatura e me denunciaram. Isso me causou uma dor profunda, comprometeu toda uma vida baseada na humildade e na coerência. Paguei a conta antes que o Senado gastasse um centavo.

- De onde o senhor tirou dinheiro para pagar a conta de R$ 14 mil se recebe um salário líquido de R$ 12 mil?
Fiz um empréstimo bancário para pagar em 72 vezes. A minha filha levou o celular só para receber ligações minhas ou da sua mãe. Tomei um susto com a conta, que chegou a essa soma por uma fatalidade. A mãe do namorado dela teve ruptura de um aneurisma cerebral no dia seguinte à viagem e passou dez dias em coma. Ela se descontrolou com as ligações.

- O senhor lhe deu uma bronca?
Não, fiquei com pena. Ela sofreu tanto pelo namorado e, depois, por mim. Mas quem não erra na vida na condição de pai? Esse caso me fez refletir sobre o tênue limite entre o público e o privado. Tenho uma cota mensal de 250 reais para telefone fixo em casa, mas não posso proibir que um filho faça um interurbano para o avô no Acre. É difícil separar o público do privado nessas pequenas coisas.

Escrito por Josias de Souza às 07h39

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História secreta da simulação da renúncia de Sarney
Senador se finge de Jânio para voltar ‘nos braços do PT’

Plano envolveu conversas reservadas com Lula e Dilma



José Cruz/ABr




Brasília respirou, entre terça e quarta-feira, a expectativa de uma renúncia planejada para não acontecer. Moído por uma crise que o persegue há cinco meses, José Sarney pôs em marcha uma estratégia definida por um de seus aliados como “Plano Jânio Quadros”.



Jânio, como se sabe, renunciou à presidência da República, em agosto de 1961, seis meses e 23 dias depois de ter sido empossado. Em texto manuscrito, de cunho enigmático –“forças terríveis levantam-se contra mim”—, comunicou a decisão ao Congresso e voou para São Paulo.



Esperava que o Legislativo recusasse a renúncia e que o povo fosse às ruas clamar por seu retorno. Não ocorreu nem uma coisa nem outra. O resto é história. Sarney –“um Jânio sem álcool”, na definição ouvida pelo blog— simulou a renúncia para “voltar” a um cargo que lhe foge. Sem o inconveniente de deixar a cadeira.



Para livrar sua “presidência” das aspas que a conspurcam, Sarney tramou uma ressurreição “nos braços do PT”. Deu-se o seguinte:



1. Na manhã de quarta, Sarney recebeu em sua mansão, no Lago Sul, Aloizio Mercadante e Ideli Sanvatti. Foram contar a ele um segredo de polichinelo. Na noite anterior, a bancada do PT posicionara-se a favor do seu afastamento. Licença de um mês. Sarney refugou. Licença não tiraria. Ou o PT o apoiava ou renunciaria.



2. Sem que Mercadante e Ideli suspeitassem, Sarney armava a reação desde a tarde da véspera, quando a notícia sobre a cara virada do PT lhe chegara aos ouvidos. Em segredo, conversara pelo telefone com Lula, que estava na Líbia. Queixara-se da movimentação do petismo. Ouvira de Lula críticas acerbas ao PT. O presidente chamara de amadores os senadores de seu partido. E tranquilizara Sarney.



3. Lula acionaria, desde a Líbia, a ministra Dilma Rousseff e o chefe de gabinete dele, Gilberto Carvalho. Ordenou-lhes que agissem para deter o “amadorismo” do PT. Na noite de terça, enquanto a bancada petista apreciava o pedido de licença de Sarney –7 votos a favor e 4 contra– o “alvo” reunia-se secretamente com Dilma e Carvalho, na casa da ministra.



4. Sob orientações de Lula e de olho na preservação do apoio do PMDB à sua candidatura presidencial, Dilma acalmou Sarney. Pediu que aguardasse o retorno do chefe. Tudo seria solucionado, disse. Assim, Lula e sua principal ministra já haviam vendido a Sarney o apoio do PT, que Mercadante e Ideli diziam não existir.



5. Sarney tinha razões para escorar-se no governo. O plenário fervia. Três partidos exigiram a sua licença: PSDB, PDT e até o DEM. Sem o PT, sua “presidência”, já comprometida pelas aspas, poderia virar cinzas. Na conversa com Mercadante e Ideli, testemunhada por Renan Calheiros, Sarney, na pele de “Jânio sóbrio”, como que devolveu o problema ao PT e ao governo. Parecia jogar o seu futuro numa única mão de cartas. Mas a renúncia era teatro.



6. Quatro dias antes, no início da noite de um domingo frio de Brasília, um Sarney apegado ao cargo e seu escudeiro Renan Calheiros tiveram uma primeira reunião sigilosa com com Lula. Dera-se na Granja do Torto. Lula se preparava para a viagem à Líbia. Àquela altura, a fuga do DEM tinha a forma de uma ameaça, pendurada nas manchetes pelo líder José Agripino Maia. Sarney e Renan pareciam descrer. Pelo sim, pelo não, decidiram testar os limites do apoio de Lula. Não havia limites. O presidente prometeu-lhes apoio irrestrito.



8. Tampouco o PSDB, parceiro de oposição do DEM, levava a sério os arroubos de Agripino. “Não vão chegar a tanto”, dizia, na segunda-feira, o presidente tucano Sérgio Guerra ao dissidente peemedebista Jarbas Vasconcelos. Estavam no aeroporto de Cumbica, em São Paulo. Retornavam de uma viagem a Estocolmo. Àquela altura, Agripino já havia costurado o rompimento.



9. O líder ‘demo’ entendera-se com os “formadores de opinião” de sua bancada. Até o sereno Marco Maciel apoiara a tese do afastamento de Sarney. A decisão do DEM foi vendida ao público como “consensual”. Meia-verdade. De 14 senadores, três saíram da reunião como votos vencidos: Eliseu Resende (MG), ACM Jr. (BA) e Heráclito Fortes (PI).



10. Primeiro-secretário da Mesa presidida por Sarney, Heráclito ponderou que o rompimento poderia empurrar Sarney para a reunúncia. Pintou um cenário de caos. Agripino atalhou a argumentação com uma idéia que sabia inviável: “Por que não uma candidatura própria, de Marco Maciel? Ficava claro que, além de romper com Sarney, o DEM já esboçava a sucessão. Agripino prevaleceu.



11. No meio da reunião do DEM, tocou o telefone. Era o tucano Sérgio Guerra. Queria que Agripino aderisse a uma proposta de última hora: a constituição de um grupo de senadores notáveis. Reformariam o Senado sob um Sarney manietado. Agripino já havia sido informado dos planos de Guerra por Renan, procurado antes dele. Reagira mal. Chamara a proposta de “tolice”. Nem atendeu ao telefone. Mesmo sem o assentimento de Agripino, Guerra foi à casa de Sarney. Levou a tiracolo os tucanos Alvaro Dias e Marisa Serrano.



12. Apresentado à tese da constituição do grupo de senadores insignes, Sarney simulou interesse. Disse que iria pensar. Os tucanos disseram-lhe que nem precisaria se licenciar do cargo. Bastaria um afastamento informal. Não queriam ver Sarney pelas costas. De quebra, sondaram-no sobre a disposição de instalar a CPI da Petrobras. “Parece que nem a oposição está interessada”, provocou Sarney.



13. O tucanato estava, sim, interessado. Sarney e Renan trataram de levar esse interesse ao caldeirão da crise como mais uma ameaça ao governo. Em seus diálogos, deixaram antever que, ao menor sinal de abandono, o PMDB ajudaria a abrir a CPI.



14. Lula manteve a mão estendida. Mal posou na base aérea de Brasília, na noite de quarta, discou para Sarney. Antes, telefonara para Ideli Salvatti, que lhe relatara um encontro ameno de Sarney com dez dos 12 senadores do PT. Só Marina Silva e Eduardo Suplicy ousaram repisar a tese da licença diante de Sarney. A bancada parecia ceder à pressão. Lula sentiu o pulso de Sarney e agendou uma conversa com ele. Seria na quinta. Foi transferida para sexta. O presidente quis, primeiro, avistar-se com o PT.



15. Lula testemunhou ao vivo o “amadorismo” que pressentira à distância. Cinco senadores petistas defenderam a licença de Sarney. Em resposta, reduziu a crise do Senado a uma “guerra política”. Lembrou 2010 e apelou à governabilidade. Encurralado, o PT reunirá sua bancada, de novo, na próxima terça. De antemão, Lula disse a Sarney, nesta sexta, que entregará a mercadoria que prometera. Se conseguir, José ‘Quadros’ Sarney ganhará sobrevida para continuar conduzindo o Senado. Não se sabe para onde.

Escrito por Josias de Souza às 07h04

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As manchetes deste sábado




- Globo: Servidor terá reajuste 2,5 vezes maior que todo o Bolsa Família



- Folha: Sindicância vê crime em ato secreto e culpa só diretores



- Estadão: Sarney diz a Lula que fica e tem apoio de Dilma



- JB: Recursos da dívida pública vão para obras do PAC



- Correio: Pague pela viagem. E reze para embarcar



Leia os destaques de capa de alguns dos principais jornais do país.

Escrito por Josias de Souza às 06h57

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Não larga!
Clayton


Via O Povo Online.

Escrito por Josias de Souza às 02h49

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03/07/2009

Em audiência com Lula, Sarney afirma que não sairá
Fábio Pozzebom/ABr
Há três dias, Sarney informara à bancada do PT que preferia renunciar a pedir licença.



O senador como que condicionara sua permanência na presidência do Senado ao apoio do petismo.



O suporte do PT ainda não veio. Depois de se reunir com Lula, a bancada petista, dividida, adiou sua decisão para terça-feira (7).



A despeito disso, Sarney disse a Lula, nesta sexta (3), que não cogita pedir licença nem renunciar.



Mal comparando, Sarney faz um caminho inverso ao de Getúlio Vargas.



Em sua carta testamento, de agosto de 1954, Getúlio anotara: “...Saio da vida para entrar na história”.



No caso de Sarney dá-se coisa diferente: Saio da história para cair na vida.

Escrito por Josias de Souza às 18h36

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Afinada com Lula, Dilma reforça o coro: Fica, Sarney!
Alan Marques/Folha
Dilma Rousseff saiu em defesa de José Sarney, um personagem que, para o chefe da ministra, “não pode ser tratado como uma pessoa normal”.



"Não concordo em demonizar e responsabilizar [Sarney] por tudo”, disse Dilma.



"Uma pessoa não é o único responsável por tudo que ocorre há 15 anos no Senado”.



A ministra-candidata prefere demonizar os ‘demos’:



“Quem é o responsável é a Primeira Secretaria [do Senado], que está com o DEM...”



...Um partido que, “estranhamente, pede o afastamento de Sarney".



De fato, o PMDB de Sarney, Jader e Renan frequenta a crônica do descalabro do Senado de mãos dadas com o DEM de Efraim de Morais.



Em matéria de perversão, é difícil, muito difícil, dificílimo distinguir as virgens de Sodoma das imaculadas de Gomorra.



Dilma é de um tempo em que as mães costumavam passar aos filhos determinados ensinamentos básicos. Coisas assim:



Chiclete, quando engolido, cola nas tripas. Pés descalços no ladrilho era pneumonia certa. Manga com leite, morte. Banho depois do almoço, congestão.



Se a mãe da ministra intuísse que o destino a empurraria para as cercanias do PMDB, decerto teria alertado: mão no fogo por Sarney dá queimadura de terceiro grau.

Escrito por Josias de Souza às 17h58

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Mercadante espicaça o DEM e expõe os limites do PT


Escrito por Josias de Souza às 05h52

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Sarney oculta da Justiça Eleitoral mansão de R$ 4 mi
Fotos: Fábio Pozzebom e Janinie Moraes/ABr




Os liames que prendem José Sarney ao cargo de presidente do Senado tornaram-se mais frágeis nesta sexta-feira (3).



Descobriu-se que o morubixaba do PMDB escondeu da Justiça Eleitoral a posse de uma mansão avaliada em R$ 4 milhões.



O imóvel serve de residência para Sarney, em Brasília. Está assentado na Península dos Ministros, área mais valorizada do bairro do Lago Sul.



Deve-se a revelação a uma trinca de repórteres: Rodrigo Rangel, Leandro Cólon e Rosa Costa. Levaram a notícia às páginas do Estadão. Eis o que descobriram:



1. Em 1997, Sarney comprou a mansão do banqueiro Joseph Safra. A transação foi feita por meio de um contrato de gaveta;



2. Desde então, Sarney disputou duas eleições, em 1998 e em 2006. Pela lei, todo candidato é obrigado a fornecer à Justiça Eleitoral uma declaração de bens;



3. Ao listar os seus bens, Sarney omitiu a posse da mansão brasiliense em 1998. Reincidiu na omissão em 2006;



4. Ouvido, o senador falou por meio da assessoria. Atribuiu a anomalia a um "erro do técnico que providencia a documentação [...] junto aos órgãos competentes";



5. Na resposta, feita por escrito, anotou-se que o imóvel consta das "declarações anuais de IR do presidente, entregues também ao TCU com frequência anual";



6. O conteúdo de dois documentos põe em dúvida a versão oficial. São papéis oficiais, levados pelo próprio Sarney ao TRE do Amapá;



7. Num dos documentos, apresentado na eleição de 2006, Sarney listou os seus bens. Nem sinal da mansão;



8. No rodapé desse documento, Sarney escreveu, de próprio punho, que aquela lista reproduizia a declaração de rendimentos que entregara à Receita Federal;



9. Eis o teor do manuscrito de Sarney: "De acordo com minha declaração de bens à Receita Federal em 2006". Segue-se a assinatura do senador;



10. O segundo documento refere-se à eleição anterior, de 1998. Sarney anexou ao pedido de registro de sua candidatura uma cópia da própria declaração de IR;



11. De novo, nenhuma menção ao imóvel que adquirira no ano anterior;



12. Um outro mistério tisna a transação feita entre Sarney e Joseph Safra: entre a efetivação do negócio e o registro em cartório decorreram dez anos;



13. A mansão foi comprada em 1997 por meio de um "instrumento particular de promessa de venda e compra, não levado a registro";



14. De acordo com o Banco Safra, Sarney pagou R$ 400 mil. Liquidou a dívida no ano seguinte, 1998;



15. Curiosamente, a transferência efetiva do imóvel só foi feita no ano passado, 2008, quando a escritura foi lavrada no cartório de imóveis de Brasília;



16. Por que essa demora de uma década? “Desconhecemos” o motivo, informou o Banco Safra. Sarney não quis responder à pergunta.



17. De acordo com a escritura, o banqueiro Joseph Safra transferiu o imóvel a Sarney e a um dos filhos dele, o deputado federal Zequinha Sarney (PV-MA);



18. O documento atribui a cada um os direitos sobre 50% do imóvel. Diferentemente do pai, Zequinha reportou a sua metade à Justiça Eleitoral;



19. No papel, o valor atribuído à mansão –R$ 400 mil— não condiz com as cifras de mercado;



20. Mesmo no ano da compra, 1997, o valor estimado pelo governo de Brasília para efeitos de cobrança do IPTU era maior: R$ 593,6 mil;



21. Hoje, segundo estimativa da Câmara de Valores Imobiliários de Brasília, um teto como o que foi adquirido pelos Sarney não sai por menos de R$ 4 milhões;



22. A renda e o patrimônio dos brasileiros são protegidos pelo sigilo fiscal. Sarney assegura que a mansão consta do seu IR. Há controvérsias. Que não serão dirimidas senão por meio da divulgação das declarações levadas ao fisco.



23. Em março passado, Sarney vira-se compelido a exonerar o então diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, por conta de uma querela imobiliária;



24. Agaciel ocultara atrás de um irmão, o deputado federal João Maia (PR-RN), a posse de uma mansão avaliada em R$ 5 milhões, no mesmo Lago Sul;



25. Agora, é o próprio Sarney quem se vê enredado numa transação de má aparência;



26. A presidência de Sarney balançara depois depois da descoberta de que um neto dele, filho de Zequinha, intermediara empréstimos a servidores do Senado;



27. O DEM abandonou Sarney sob o pretexto de que os negócios do neto assemelham-se aos malfeitos atribuídos ao ex-diretor João Carlos Zoghbi;



28. A permanência de Sarney no cargo passou a depender do apoio do PT. Já não estava fácil. Agora talvez fique ainda mais difícil.

Escrito por Josias de Souza às 05h27

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Lula ao PT: ‘Lula nada fez para evitar perda moral do Congresso’
Fábio Pozzebom/ABr




Num instante em que Lula cobra do petismo o apoio à presidência cambaleante de José Sarney (PMDB-AP), Tião Viana (PT-AC) aponta o dedo na direção do Planalto.



Afirma: “Lula nada fez para evitar a desconstrução e a perda de autoridade moral do Congresso. Os partidos estão mais fracos e deteriorados do que antes de sua posse.”



Abandonado por Lula na disputa em que Sarney prevaleceu sobre ele, em fevereiro passado, Tião diz que o Senado “está em chamas”.



Traduz o fogaréu em cifras: “Perde 80% do tempo em debates vazios e gasta os 20% restantes numa disputa entre governo e oposição que não leva a lugar nenhum”.



Diz que, na Câmara, o governo tem vida fácil graças ao "fisiologismo". Classifica de "tragédia" o fato de o PMDB "dirigir as duas casas do Congresso".



Acha que o partido, sócio majoritárioo do consórcio político que dá suporte a Lula no Legislativo, é "a essência do fisiologismo".



Na contramão do que dissera Lula, Tião declara que Sarney deve ser tratado como "uma pessoa comum". Ele é um dos senadores do PT que defendem o afastamento, por meio de licença, do presidente do Senado.



Tião falou à repórter Sandra Brasil. A entrevista foi levada às páginas da última edição de Veja. Vai abaixo o conteúdo:







- Como o Senado chegou a um nível tão baixo?
Até 2002, ainda havia no Senado um debate conceitual, ideológico. No início do governo Lula, ainda votamos a Reforma da Previdência. Mas logo o mensalão substituiu esses projetos na agenda da Casa. Daí em diante, nada mais andou, e perdemos a conexão com os interesses do cidadão.

- O Senado ainda faz algo relevante?
A Casa está em chamas. Perde 80% do tempo em debates vazios e gasta os 20% restantes numa disputa entre governo e oposição que não leva a lugar nenhum. No Senado, o governo tem uma maioria apertada e vive no fio da navalha. Negocia voto a voto. Na Câmara dos Deputados, é mais fácil porque lá o fisiologismo impera.

- Poderia explicar melhor?
É da cultura política brasileira. O governo controla a Câmara atendendo aos pedidos dos deputados com emendas parlamentares e com nomeações para cargos no Executivo.

- A forma como o presidente Lula negocia com o Senado é adequada?
Lula é o melhor presidente que o Brasil já elegeu. Os resultados econômicos e sociais do seu governo nos orgulham. No entanto, ele deixa uma grande frustração no que se pensava ser uma de suas maiores habilidades: a política partidária. Lula nada fez para evitar a desconstrução e a perda de autoridade moral do Congresso. Os partidos estão mais fracos e deteriorados do que antes de sua posse. E é papel do chefe de estado fazer com que as instituições como o Parlamento sejam vigorosas.

- O que explica a omissão dele?
Dá para entender as razões do presidente Lula. Ele sofreu muito com as ofensas pessoais durante o mensalão. Depois disso, com 82% de aprovação popular, adotou o pragmatismo para manter a maioria no Parlamento e resolveu que não precisava do Congresso. Tanto que José Dirceu foi o último ministro [da Casa Civil até 2005] que dialogou com o Senado.

- Lula defende um tratamento privilegiado ao senador Sarney. E o senhor?
Sarney deve ser tratado como uma pessoa comum. Acontece que o presidente Lula é muito generoso com quem está em dificuldade. Marcou a vida dele o fato de Sarney tê-lo defendido na eleição de 2002, quando enfrentou o [governador paulista] José Serra, e de ter sido solidário no episódio do mensalão. Por isso, Lula foi até onde pôde com a minha candidatura à presidência do Senado. Depois, olhou com pragmatismo para as eleições de 2010, que são fundamentais para o seu projeto de nação.

- O presidente Lula o traiu na eleição do Senado?
Ele levou em conta que o PMDB é essencial para 2010. Decidiu respeitar as forças que impuseram a candidatura Sarney, porque privilegiou a candidatura Dilma Rousseff e a necessidade de coalizão. Não guardo mágoas, mas é uma tragédia um partido dirigir as duas casas do Congresso. Ainda mais quando esse partido é o PMDB.

- Por quê?
O PMDB é a essência do fisiologismo. Tem bons quadros, mas vive de troca de favores. Ignora concepção programática, visão doutrinária, tudo para acomodar os interesses dos seus parlamentares, que só querem assegurar suas reeleições.

- O senhor ainda quer ser presidente do Senado?
Se me oferecessem o cargo hoje, a cadeira ficaria vazia. Eu não romperia com meus ideais por um ato de vaidade. Nós, idealistas, achamos que o Legislativo não sobreviverá se continuar funcionando apenas na base do beija-mão do governo. O Senado deveria cuidar da regulação e da proteção do estado sem ultrapassar o limite de revisor das leis. Não dá para presidir a Casa hoje sem forças para fazer o resgate desse papel. Aliás, Sarney deveria tomar consciência de que, sozinho, ele é insuficiente para mudar o Senado. Por uma razão: foi eleito com o apoio daquela casta de servidores para manter a estrutura atual. Ele deveria radicalizar na transparência e adotar medidas moralizadoras.

- O senhor fala em idealismo, mas confundiu o bem público com o privado ao emprestar um celular do Senado para sua filha usar em uma viagem de férias ao México.
Eu errei. Foi um ato irrefletido de um pai superprotetor. A minha filha ia para um lugar estranho e, para encontrá-la a qualquer momento, entreguei o celular. Mas, um mês e meio antes da chegada da conta, que é trimestral, acessaram minha fatura e me denunciaram. Isso me causou uma dor profunda, comprometeu toda uma vida baseada na humildade e na coerência. Paguei a conta antes que o Senado gastasse um centavo.

- De onde o senhor tirou dinheiro para pagar a conta de R$ 14 mil se recebe um salário líquido de R$ 12 mil?
Fiz um empréstimo bancário para pagar em 72 vezes. A minha filha levou o celular só para receber ligações minhas ou da sua mãe. Tomei um susto com a conta, que chegou a essa soma por uma fatalidade. A mãe do namorado dela teve ruptura de um aneurisma cerebral no dia seguinte à viagem e passou dez dias em coma. Ela se descontrolou com as ligações.

- O senhor lhe deu uma bronca?
Não, fiquei com pena. Ela sofreu tanto pelo namorado e, depois, por mim. Mas quem não erra na vida na condição de pai? Esse caso me fez refletir sobre o tênue limite entre o público e o privado. Tenho uma cota mensal de 250 reais para telefone fixo em casa, mas não posso proibir que um filho faça um interurbano para o avô no Acre. É difícil separar o público do privado nessas pequenas coisas.

Escrito por Josias de Souza às 07h39

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História secreta da simulação da renúncia de Sarney
Senador se finge de Jânio para voltar ‘nos braços do PT’

Plano envolveu conversas reservadas com Lula e Dilma



José Cruz/ABr




Brasília respirou, entre terça e quarta-feira, a expectativa de uma renúncia planejada para não acontecer. Moído por uma crise que o persegue há cinco meses, José Sarney pôs em marcha uma estratégia definida por um de seus aliados como “Plano Jânio Quadros”.



Jânio, como se sabe, renunciou à presidência da República, em agosto de 1961, seis meses e 23 dias depois de ter sido empossado. Em texto manuscrito, de cunho enigmático –“forças terríveis levantam-se contra mim”—, comunicou a decisão ao Congresso e voou para São Paulo.



Esperava que o Legislativo recusasse a renúncia e que o povo fosse às ruas clamar por seu retorno. Não ocorreu nem uma coisa nem outra. O resto é história. Sarney –“um Jânio sem álcool”, na definição ouvida pelo blog— simulou a renúncia para “voltar” a um cargo que lhe foge. Sem o inconveniente de deixar a cadeira.



Para livrar sua “presidência” das aspas que a conspurcam, Sarney tramou uma ressurreição “nos braços do PT”. Deu-se o seguinte:



1. Na manhã de quarta, Sarney recebeu em sua mansão, no Lago Sul, Aloizio Mercadante e Ideli Sanvatti. Foram contar a ele um segredo de polichinelo. Na noite anterior, a bancada do PT posicionara-se a favor do seu afastamento. Licença de um mês. Sarney refugou. Licença não tiraria. Ou o PT o apoiava ou renunciaria.



2. Sem que Mercadante e Ideli suspeitassem, Sarney armava a reação desde a tarde da véspera, quando a notícia sobre a cara virada do PT lhe chegara aos ouvidos. Em segredo, conversara pelo telefone com Lula, que estava na Líbia. Queixara-se da movimentação do petismo. Ouvira de Lula críticas acerbas ao PT. O presidente chamara de amadores os senadores de seu partido. E tranquilizara Sarney.



3. Lula acionaria, desde a Líbia, a ministra Dilma Rousseff e o chefe de gabinete dele, Gilberto Carvalho. Ordenou-lhes que agissem para deter o “amadorismo” do PT. Na noite de terça, enquanto a bancada petista apreciava o pedido de licença de Sarney –7 votos a favor e 4 contra– o “alvo” reunia-se secretamente com Dilma e Carvalho, na casa da ministra.



4. Sob orientações de Lula e de olho na preservação do apoio do PMDB à sua candidatura presidencial, Dilma acalmou Sarney. Pediu que aguardasse o retorno do chefe. Tudo seria solucionado, disse. Assim, Lula e sua principal ministra já haviam vendido a Sarney o apoio do PT, que Mercadante e Ideli diziam não existir.



5. Sarney tinha razões para escorar-se no governo. O plenário fervia. Três partidos exigiram a sua licença: PSDB, PDT e até o DEM. Sem o PT, sua “presidência”, já comprometida pelas aspas, poderia virar cinzas. Na conversa com Mercadante e Ideli, testemunhada por Renan Calheiros, Sarney, na pele de “Jânio sóbrio”, como que devolveu o problema ao PT e ao governo. Parecia jogar o seu futuro numa única mão de cartas. Mas a renúncia era teatro.



6. Quatro dias antes, no início da noite de um domingo frio de Brasília, um Sarney apegado ao cargo e seu escudeiro Renan Calheiros tiveram uma primeira reunião sigilosa com com Lula. Dera-se na Granja do Torto. Lula se preparava para a viagem à Líbia. Àquela altura, a fuga do DEM tinha a forma de uma ameaça, pendurada nas manchetes pelo líder José Agripino Maia. Sarney e Renan pareciam descrer. Pelo sim, pelo não, decidiram testar os limites do apoio de Lula. Não havia limites. O presidente prometeu-lhes apoio irrestrito.



8. Tampouco o PSDB, parceiro de oposição do DEM, levava a sério os arroubos de Agripino. “Não vão chegar a tanto”, dizia, na segunda-feira, o presidente tucano Sérgio Guerra ao dissidente peemedebista Jarbas Vasconcelos. Estavam no aeroporto de Cumbica, em São Paulo. Retornavam de uma viagem a Estocolmo. Àquela altura, Agripino já havia costurado o rompimento.



9. O líder ‘demo’ entendera-se com os “formadores de opinião” de sua bancada. Até o sereno Marco Maciel apoiara a tese do afastamento de Sarney. A decisão do DEM foi vendida ao público como “consensual”. Meia-verdade. De 14 senadores, três saíram da reunião como votos vencidos: Eliseu Resende (MG), ACM Jr. (BA) e Heráclito Fortes (PI).



10. Primeiro-secretário da Mesa presidida por Sarney, Heráclito ponderou que o rompimento poderia empurrar Sarney para a reunúncia. Pintou um cenário de caos. Agripino atalhou a argumentação com uma idéia que sabia inviável: “Por que não uma candidatura própria, de Marco Maciel? Ficava claro que, além de romper com Sarney, o DEM já esboçava a sucessão. Agripino prevaleceu.



11. No meio da reunião do DEM, tocou o telefone. Era o tucano Sérgio Guerra. Queria que Agripino aderisse a uma proposta de última hora: a constituição de um grupo de senadores notáveis. Reformariam o Senado sob um Sarney manietado. Agripino já havia sido informado dos planos de Guerra por Renan, procurado antes dele. Reagira mal. Chamara a proposta de “tolice”. Nem atendeu ao telefone. Mesmo sem o assentimento de Agripino, Guerra foi à casa de Sarney. Levou a tiracolo os tucanos Alvaro Dias e Marisa Serrano.



12. Apresentado à tese da constituição do grupo de senadores insignes, Sarney simulou interesse. Disse que iria pensar. Os tucanos disseram-lhe que nem precisaria se licenciar do cargo. Bastaria um afastamento informal. Não queriam ver Sarney pelas costas. De quebra, sondaram-no sobre a disposição de instalar a CPI da Petrobras. “Parece que nem a oposição está interessada”, provocou Sarney.



13. O tucanato estava, sim, interessado. Sarney e Renan trataram de levar esse interesse ao caldeirão da crise como mais uma ameaça ao governo. Em seus diálogos, deixaram antever que, ao menor sinal de abandono, o PMDB ajudaria a abrir a CPI.



14. Lula manteve a mão estendida. Mal posou na base aérea de Brasília, na noite de quarta, discou para Sarney. Antes, telefonara para Ideli Salvatti, que lhe relatara um encontro ameno de Sarney com dez dos 12 senadores do PT. Só Marina Silva e Eduardo Suplicy ousaram repisar a tese da licença diante de Sarney. A bancada parecia ceder à pressão. Lula sentiu o pulso de Sarney e agendou uma conversa com ele. Seria na quinta. Foi transferida para sexta. O presidente quis, primeiro, avistar-se com o PT.



15. Lula testemunhou ao vivo o “amadorismo” que pressentira à distância. Cinco senadores petistas defenderam a licença de Sarney. Em resposta, reduziu a crise do Senado a uma “guerra política”. Lembrou 2010 e apelou à governabilidade. Encurralado, o PT reunirá sua bancada, de novo, na próxima terça. De antemão, Lula disse a Sarney, nesta sexta, que entregará a mercadoria que prometera. Se conseguir, José ‘Quadros’ Sarney ganhará sobrevida para continuar conduzindo o Senado. Não se sabe para onde.

Escrito por Josias de Souza às 07h04

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As manchetes deste sábado




- Globo: Servidor terá reajuste 2,5 vezes maior que todo o Bolsa Família



- Folha: Sindicância vê crime em ato secreto e culpa só diretores



- Estadão: Sarney diz a Lula que fica e tem apoio de Dilma



- JB: Recursos da dívida pública vão para obras do PAC



- Correio: Pague pela viagem. E reze para embarcar



Leia os destaques de capa de alguns dos principais jornais do país.

Escrito por Josias de Souza às 06h57

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Não larga!
Clayton


Via O Povo Online.

Escrito por Josias de Souza às 02h49

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03/07/2009

Em audiência com Lula, Sarney afirma que não sairá
Fábio Pozzebom/ABr
Há três dias, Sarney informara à bancada do PT que preferia renunciar a pedir licença.



O senador como que condicionara sua permanência na presidência do Senado ao apoio do petismo.



O suporte do PT ainda não veio. Depois de se reunir com Lula, a bancada petista, dividida, adiou sua decisão para terça-feira (7).



A despeito disso, Sarney disse a Lula, nesta sexta (3), que não cogita pedir licença nem renunciar.



Mal comparando, Sarney faz um caminho inverso ao de Getúlio Vargas.



Em sua carta testamento, de agosto de 1954, Getúlio anotara: “...Saio da vida para entrar na história”.



No caso de Sarney dá-se coisa diferente: Saio da história para cair na vida.

Escrito por Josias de Souza às 18h36

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Afinada com Lula, Dilma reforça o coro: Fica, Sarney!
Alan Marques/Folha
Dilma Rousseff saiu em defesa de José Sarney, um personagem que, para o chefe da ministra, “não pode ser tratado como uma pessoa normal”.



"Não concordo em demonizar e responsabilizar [Sarney] por tudo”, disse Dilma.



"Uma pessoa não é o único responsável por tudo que ocorre há 15 anos no Senado”.



A ministra-candidata prefere demonizar os ‘demos’:



“Quem é o responsável é a Primeira Secretaria [do Senado], que está com o DEM...”



...Um partido que, “estranhamente, pede o afastamento de Sarney".



De fato, o PMDB de Sarney, Jader e Renan frequenta a crônica do descalabro do Senado de mãos dadas com o DEM de Efraim de Morais.



Em matéria de perversão, é difícil, muito difícil, dificílimo distinguir as virgens de Sodoma das imaculadas de Gomorra.



Dilma é de um tempo em que as mães costumavam passar aos filhos determinados ensinamentos básicos. Coisas assim:



Chiclete, quando engolido, cola nas tripas. Pés descalços no ladrilho era pneumonia certa. Manga com leite, morte. Banho depois do almoço, congestão.



Se a mãe da ministra intuísse que o destino a empurraria para as cercanias do PMDB, decerto teria alertado: mão no fogo por Sarney dá queimadura de terceiro grau.

Escrito por Josias de Souza às 17h58

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Mercadante espicaça o DEM e expõe os limites do PT


Escrito por Josias de Souza às 05h52

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Sarney oculta da Justiça Eleitoral mansão de R$ 4 mi
Fotos: Fábio Pozzebom e Janinie Moraes/ABr




Os liames que prendem José Sarney ao cargo de presidente do Senado tornaram-se mais frágeis nesta sexta-feira (3).



Descobriu-se que o morubixaba do PMDB escondeu da Justiça Eleitoral a posse de uma mansão avaliada em R$ 4 milhões.



O imóvel serve de residência para Sarney, em Brasília. Está assentado na Península dos Ministros, área mais valorizada do bairro do Lago Sul.



Deve-se a revelação a uma trinca de repórteres: Rodrigo Rangel, Leandro Cólon e Rosa Costa. Levaram a notícia às páginas do Estadão. Eis o que descobriram:



1. Em 1997, Sarney comprou a mansão do banqueiro Joseph Safra. A transação foi feita por meio de um contrato de gaveta;



2. Desde então, Sarney disputou duas eleições, em 1998 e em 2006. Pela lei, todo candidato é obrigado a fornecer à Justiça Eleitoral uma declaração de bens;



3. Ao listar os seus bens, Sarney omitiu a posse da mansão brasiliense em 1998. Reincidiu na omissão em 2006;



4. Ouvido, o senador falou por meio da assessoria. Atribuiu a anomalia a um "erro do técnico que providencia a documentação [...] junto aos órgãos competentes";



5. Na resposta, feita por escrito, anotou-se que o imóvel consta das "declarações anuais de IR do presidente, entregues também ao TCU com frequência anual";



6. O conteúdo de dois documentos põe em dúvida a versão oficial. São papéis oficiais, levados pelo próprio Sarney ao TRE do Amapá;



7. Num dos documentos, apresentado na eleição de 2006, Sarney listou os seus bens. Nem sinal da mansão;



8. No rodapé desse documento, Sarney escreveu, de próprio punho, que aquela lista reproduizia a declaração de rendimentos que entregara à Receita Federal;



9. Eis o teor do manuscrito de Sarney: "De acordo com minha declaração de bens à Receita Federal em 2006". Segue-se a assinatura do senador;



10. O segundo documento refere-se à eleição anterior, de 1998. Sarney anexou ao pedido de registro de sua candidatura uma cópia da própria declaração de IR;



11. De novo, nenhuma menção ao imóvel que adquirira no ano anterior;



12. Um outro mistério tisna a transação feita entre Sarney e Joseph Safra: entre a efetivação do negócio e o registro em cartório decorreram dez anos;



13. A mansão foi comprada em 1997 por meio de um "instrumento particular de promessa de venda e compra, não levado a registro";



14. De acordo com o Banco Safra, Sarney pagou R$ 400 mil. Liquidou a dívida no ano seguinte, 1998;



15. Curiosamente, a transferência efetiva do imóvel só foi feita no ano passado, 2008, quando a escritura foi lavrada no cartório de imóveis de Brasília;



16. Por que essa demora de uma década? “Desconhecemos” o motivo, informou o Banco Safra. Sarney não quis responder à pergunta.



17. De acordo com a escritura, o banqueiro Joseph Safra transferiu o imóvel a Sarney e a um dos filhos dele, o deputado federal Zequinha Sarney (PV-MA);



18. O documento atribui a cada um os direitos sobre 50% do imóvel. Diferentemente do pai, Zequinha reportou a sua metade à Justiça Eleitoral;



19. No papel, o valor atribuído à mansão –R$ 400 mil— não condiz com as cifras de mercado;



20. Mesmo no ano da compra, 1997, o valor estimado pelo governo de Brasília para efeitos de cobrança do IPTU era maior: R$ 593,6 mil;



21. Hoje, segundo estimativa da Câmara de Valores Imobiliários de Brasília, um teto como o que foi adquirido pelos Sarney não sai por menos de R$ 4 milhões;



22. A renda e o patrimônio dos brasileiros são protegidos pelo sigilo fiscal. Sarney assegura que a mansão consta do seu IR. Há controvérsias. Que não serão dirimidas senão por meio da divulgação das declarações levadas ao fisco.



23. Em março passado, Sarney vira-se compelido a exonerar o então diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, por conta de uma querela imobiliária;



24. Agaciel ocultara atrás de um irmão, o deputado federal João Maia (PR-RN), a posse de uma mansão avaliada em R$ 5 milhões, no mesmo Lago Sul;



25. Agora, é o próprio Sarney quem se vê enredado numa transação de má aparência;



26. A presidência de Sarney balançara depois depois da descoberta de que um neto dele, filho de Zequinha, intermediara empréstimos a servidores do Senado;



27. O DEM abandonou Sarney sob o pretexto de que os negócios do neto assemelham-se aos malfeitos atribuídos ao ex-diretor João Carlos Zoghbi;



28. A permanência de Sarney no cargo passou a depender do apoio do PT. Já não estava fácil. Agora talvez fique ainda mais difícil.

Escrito por Josias de Souza

Lula ao PT: ‘Saída de Sarney gera crise imprevisível’
Presidente diz que oposição usa Sarney para atingir governo

Sobre investigações, conta ter pedido rigor à Polícia Federal

Dilma lembra que a parceria com o PMDB é vital para 2010

Durante reunião, metade do PT defende a licença de Sarney

Dividida ao meio, bancada só tomará sua decisão na terça








Durou quatro horas o encontro de Lula com a bancada de senadores do PT. Começou às 21h de quinta (2). Terminou na madrugada desta sexta, à 1h.



Deu-se no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República. Compareceram 11 dos 12 senadores do PT. Só faltou Flávio Arns (PR).



Foi uma conversa franca e tensa. Começou com uma exposição dos senadores. Lula fez questão de ouvir um por um. Discorreram sobre as mazelas do Senado.



Materializou-se diante de Lula a divisão e o drama de consciência do petismo. Mencionaram a necessidade de investigar, punir e reformar o Senado.



Informou-se a Lula que nem todas as chagas do Senado foram expostas. Cinco senadores repisaram a defesa da saída de José Sarney da cadeira de presidente.



Eis os nomes dos adeptos do pedido de licença: Marina Silva (AC), Eduardo Suplicy (SP), Augusto Botelho (RR), Fátima Cleide (RO) e Tião Viana.



Outros seis acham que é possível mudar sem que Sarney tenha de sair. São eles: Aloizio Mercadante (SP), Ideli Salvatti (SC), Delcídio Amaral (MS), João Pedro (AM), Serys Slhessarenko (MT) e Paulo Paim (RS).



Antes, o placar na bancada do PT era de 7 a 5 pela saída de Sarney. Só Paim refluiu. O ausente Flavio Arns defende o afastamento.



Assim, a despeito de Lula, a bancada do PT continua cindida ao meio. Depois dos senadores, falaram dois petistas que integram o governo.



Foram ao encontro, a pedido de Lula, Dilma Rousseff e Gilberto Carvalho. A ministra-presidenciável realçou a importância do PMDB na aliança de 2010. Foi ecoada por Carvalho, chefe de gabinete de Lula.



Vencida essa primeira fase, Lula tomou a palavra. Disse que também deseja a apuração das denúncias que rondam o Senado.



Contou que se reunira na véspera com o ministro Tarso Genro (Justiça). Revelou que estava presente também o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa.



Afirmou ter encomendado a ambos uma investigação “rigorosa”. Lembrou que o próprio Sarney pedira a entrada da PF no caso.



E traçou o cenário de borrasca que decorreria da eventual saída de Sarney. Acha que uma renúncia do presidente do Senado vai desembocar numa crise.



Crise “gravíssima”, de “desfecho imprevisível”. Carregou nas tintas: “Tudo pode acontecer”. Afirmou que entende a posição da bancada petista. Mas lembrou:



1. O PMDB é parceiro estratégico –administrativa e eleitoralmente;



2. Sarney exerce sobre o partido uma influência inaudita;



3. Um desacerto com os peemedebistas comprometeria a “governabilidade”;



4. A oposição usa Sarney como degrau para escalar sobre o governo.



Lula soou enfático ao se referir ao PSDB e ao DEM. Desdenhou dos alegados propósitos éticos dos rivais.



Realçou o fato de que tucanos e ‘demos’ querem investigar em Brasília, mas se esquivam de apurações onde elas não lhes convém.



Mencionou a Porto Alegre de Yeda Crusius e a Curitiba de Beto Richa, ambos tucanos. Não chegou a fazer um pedido formal para que o PT se unifique em torno de Sarney.



Nem precisava. Sua peroração, por grave, funcionou como um apelo. Depois de falar, Lula franqueou a palavra novamente aos senadores.



Ao final, não foi anotada nenhuma mudança brusca de posição. Acertou-se que a bancada do PT fará nova reunião para deliberar sobre Sarney.



Será o quarto encontro. Foi marcado para terça-feira (7) da semana que vem. Na manhã desta sexta (3), Mercadante e Ideli darão uma entrevista coletiva.



Lula informou que, também nesta sexta, vai receber Sarney em audiência. Ainda não tem como entregar ao “aliado” o apoio do PT.



A conversa do Alvorada terminou na mesa de jantar. Lula tentou desanuviar a atmosfera.



Mencionou o encontro que tivera à tarde com a delegação do Corinthians. Espicaçou Mercadante e Suplicy, torcedores do Santos. Disse ao tricolor Tião que o Fluminense será a próxima vítima do "Timão".



Ao sair do Alvorada, alguns senadores souberam que havia na praça uma nova denúncia contra Sarney. Deixou de declarar uma mansão de R$ 4 milhões. “Não sei se ele vai durar até terça”, disse um petista ao blog.

Escrito por Josias de Souza às 04h05

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Sobre investigações, conta ter pedido rigor à Polícia Federal

Dilma lembra que a parceria com o PMDB é vital para 2010

Durante reunião, metade do PT defende a licença de Sarney

Dividida ao meio, bancada só tomará sua decisão na terça








Durou quatro horas o encontro de Lula com a bancada de senadores do PT. Começou às 21h de quinta (2). Terminou na madrugada desta sexta, à 1h.



Deu-se no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República. Compareceram 11 dos 12 senadores do PT. Só faltou Flávio Arns (PR).



Foi uma conversa franca e tensa. Começou com uma exposição dos senadores. Lula fez questão de ouvir um por um. Discorreram sobre as mazelas do Senado.



Materializou-se diante de Lula a divisão e o drama de consciência do petismo. Mencionaram a necessidade de investigar, punir e reformar o Senado.



Informou-se a Lula que nem todas as chagas do Senado foram expostas. Cinco senadores repisaram a defesa da saída de José Sarney da cadeira de presidente.



Eis os nomes dos adeptos do pedido de licença: Marina Silva (AC), Eduardo Suplicy (SP), Augusto Botelho (RR), Fátima Cleide (RO) e Tião Viana.



Outros seis acham que é possível mudar sem que Sarney tenha de sair. São eles: Aloizio Mercadante (SP), Ideli Salvatti (SC), Delcídio Amaral (MS), João Pedro (AM), Serys Slhessarenko (MT) e Paulo Paim (RS).



Antes, o placar na bancada do PT era de 7 a 5 pela saída de Sarney. Só Paim refluiu. O ausente Flavio Arns defende o afastamento.



Assim, a despeito de Lula, a bancada do PT continua cindida ao meio. Depois dos senadores, falaram dois petistas que integram o governo.



Foram ao encontro, a pedido de Lula, Dilma Rousseff e Gilberto Carvalho. A ministra-presidenciável realçou a importância do PMDB na aliança de 2010. Foi ecoada por Carvalho, chefe de gabinete de Lula.



Vencida essa primeira fase, Lula tomou a palavra. Disse que também deseja a apuração das denúncias que rondam o Senado.



Contou que se reunira na véspera com o ministro Tarso Genro (Justiça). Revelou que estava presente também o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa.



Afirmou ter encomendado a ambos uma investigação “rigorosa”. Lembrou que o próprio Sarney pedira a entrada da PF no caso.



E traçou o cenário de borrasca que decorreria da eventual saída de Sarney. Acha que uma renúncia do presidente do Senado vai desembocar numa crise.



Crise “gravíssima”, de “desfecho imprevisível”. Carregou nas tintas: “Tudo pode acontecer”. Afirmou que entende a posição da bancada petista. Mas lembrou:



1. O PMDB é parceiro estratégico –administrativa e eleitoralmente;



2. Sarney exerce sobre o partido uma influência inaudita;



3. Um desacerto com os peemedebistas comprometeria a “governabilidade”;



4. A oposição usa Sarney como degrau para escalar sobre o governo.



Lula soou enfático ao se referir ao PSDB e ao DEM. Desdenhou dos alegados propósitos éticos dos rivais.



Realçou o fato de que tucanos e ‘demos’ querem investigar em Brasília, mas se esquivam de apurações onde elas não lhes convém.



Mencionou a Porto Alegre de Yeda Crusius e a Curitiba de Beto Richa, ambos tucanos. Não chegou a fazer um pedido formal para que o PT se unifique em torno de Sarney.



Nem precisava. Sua peroração, por grave, funcionou como um apelo. Depois de falar, Lula franqueou a palavra novamente aos senadores.



Ao final, não foi anotada nenhuma mudança brusca de posição. Acertou-se que a bancada do PT fará nova reunião para deliberar sobre Sarney.



Será o quarto encontro. Foi marcado para terça-feira (7) da semana que vem. Na manhã desta sexta (3), Mercadante e Ideli darão uma entrevista coletiva.



Lula informou que, também nesta sexta, vai receber Sarney em audiência. Ainda não tem como entregar ao “aliado” o apoio do PT.



A conversa do Alvorada terminou na mesa de jantar. Lula tentou desanuviar a atmosfera.



Mencionou o encontro que tivera à tarde com a delegação do Corinthians. Espicaçou Mercadante e Suplicy, torcedores do Santos. Disse ao tricolor Tião que o Fluminense será a próxima vítima do "Timão".



Ao sair do Alvorada, alguns senadores souberam que havia na praça uma nova denúncia contra Sarney. Deixou de declarar uma mansão de R$ 4 milhões. “Não sei se ele vai durar até terça”, disse um petista ao blog.

Escrito por Josias de Souza às 04h05

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