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terça-feira, 21 de julho de 2009

Revista Veja 'ironiza' relação de Lula com Fernando Collor

O presidente está com o senador e manda 'um abraço' para os antigos amigos, diz reportagem




A revista Veja desta semana traz uma grande reportagem sobre a relação entre o presidente Lula e o senador alagoano e ex-presidente Fernando Collor de Melo. Em uma linguagem ácida a matéria traça um perfil sobre os dois grandes personagens da política brasileira.

Em sua versão online a revista lembra o processo de impeachmant sofrido por Collor , que depois foi absolvido na Justiça, e relembra a posição do entãolíder do PT, Luis Inácio Lula da Silva sobre o alagoano.

Veja abaixo um trecho da matéria

Lula está com Fernando Collor e não abre. Para seu passado e para as pessoas que o seguiram com admiração na gloriosa trajetória da liderança sindical até o posto mais alto da hierarquia política do país, a presidência da República, ele manda "aquele abraço".

Os ingleses têm um ditado memorável e adequado a momentos parecidos com esses: "Politics make strange bedfellows", que se traduz livremente por algo como a "política forma os mais estranhos casais". Mas que casal formam Lula e Collor? Um estranho casal. Lembra um pouco a distinção que o traidor do livro "O fator humano", do grande romancista inglês Graham Greene fazia entre o comunismo e o capitalismo.

Ele justificava seu trabalho de espionagem em favor da União Soviética com a explicação de que "os pecados do comunismo pertencem ao passado, enquanto os do capitalismo ao presente." Levado ao impeachment em 1992 por corrupção, prática de que ele e seu governo passaram ser símbolos no Brasil, Collor é o cônjuge cujos pecados pertencem ao passado. Os de Lula são do presente: a vista grossa e a legitimização (dada por sua enorme popularidade) da fisiologia, da corrupção e do coronelismo na política brasileira.

Mais grave talvez do que absolver condutas impróprias ao abraçar certos tipos em público é o objetivo pelo qual Lula se presta a esse papel. Lula abomina derrotas políticas. Toda vez que foi derrotado no Congresso, independentemente da justeza da decisão dos parlamentares, sentiu-se pessoalmente ofendido.

A companhia de gente como Collor, José Sarney e Renan Calheiros lhe causa menos desconforto do que uma derrota no Congresso. Para evitá-las ele faz qualquer coisa, até mesmo correndo o risco de passar à história como um democrata com credenciais menos impecáveis do que as que realmente possui. Tamanho é o vigor da blitzkrieg do executivo sobre o Congresso que, para muitos analistas, Lula já está desrespeitando o preceito constitucional da independência dos poderes.

Todas as Constituições brasileiras desde 1824 seguem o preceito da separação dos poderes, o que, é óbvio, não inibiu os governantes de bulir com o parlamento. Na opinião de Octaciano, todos os governos desde a redemocratização interferiram indevidamente no Congresso. Antes era mais às claras. Getúlio Vargas e os militares simplesmente fecharam o Congresso.. O vício redente mais comum é a cooptação de partidos por meio de cargos e verbas para a formação de maiorias. Mas nenhum chegou à obsessão do lulismo, que insituiu o mensalão para controlar a Câmara e, agora, tenta subordinar o Congresso ao Executivo.

Formalmente, diga-se, a separação e independência entre os poderes não é uma pré-condição para o funcionamento de uma democracia. Para ficarmos com um único exemplo, a Inglaterra tem um regime democrático exemplar, mas no seu sistema de governo parlamentarista os poderes se embaralham.

O chefe do executivo inglês, o primeiro-ministro, é sempre um membro da Casa dos Comuns, a câmara baixa do Parlamento - e ele é elevado ou é apeado do poder não pela vontade popular expressa pelo voto direto, mas por decisão da maioria de seu partido. O poder judiciário na Inglaterra, por sua vez, é função dos lordes da câmara alta do Parlamento. Se não é, como a Inglaterra demonstra, o voto direto no chefe do executivo ou a separação ou a independência dos poderes, o que mesmo define a democracia? A garantia de que nenhum grupo político se perpetue o poder.

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