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quarta-feira, 8 de abril de 2009

Collor se lança candidato a governador....

... e faz autocrítica do seu mandato presidencial


JORGE OLIVEIRA

Durante uma hora o senador Fernando Collor de Mello foi sabatinado pelos jornalistas Luis Carlos Azedo, Helena Chagas e Josias de Sousa no programa 3 a 1 da TV Brasil. O que se viu na entrevista foi um Collor mais amadurecido, humilde, menos afoito e a todo tempo fazendo uma mea-culpa dos erros cometidos no comando do país até agosto de 1992, quando renunciou à presidência da República.

De volta ao cenário político como senador, Collor agora exerce a poderosa presidência da Comissão de Infraestrutura do Senado, que tem o poder de acompanhar e fiscalizar o principal programa do Presidente Lula, o PAC - Programa de Aceleração do Crescimento, o que vai lhe permitir permanecer na mídia pelo menos durante os dois próximos anos. Mas mesmo ficando exposto ao noticiário diário, Collor já deixou claro na entrevista a TV Brasil: não sonha mais em disputar a presidência da República. Prefere concorrer ao governo de Alagoas em 2010.
Da Redação

Collor quer ser governador com apoio de Renan que quer apoio de Collor para garantir sua reeleição ao Senado
As declarações do senador surpreende-ram até mesmo os seus amigos mais próximos, acostumados ao silêncio dele quando se trata de declinar sobre suas pretensões políticas. Na verdade, ele abriu o jogo porque pensa desde já numa aliança política ampla que agrupe em torno de si vários partidos e políticos locais bem posicionados nas pesquisas de opinião. Pensa, inclusive, numa parceria com o senador Renan Calheiros, caso este prefira disputar a reeleição.

Na conversa com os jornalistas da TV Brasil, Collor minimizou qualquer desavença com Renan. Deixou claro que nunca foram inimigos, mas "estiveram afastados durante algum tempo por posições divergentes politicamente". Ao Correio Brasiliense, depois da entrevista, admitiu o desentendimento entre Renan e Téo Vilela. Segundo ele, Renan apoiou a eleição de Vilela com o compromisso de ele não concorrer à reeleição, mas o atual governador gostou do cargo e quer seguir em frente, disputando novamente o governo.

Provocado na entrevista sobre a posição discreta durante esses dois anos de mandato no Senado, confessou que tem um "perfil mais de executivo, precisava me ambientar, conhecer melhor a Casa". Agora, à frente da poderosa Comissão de Infraestrutura, que conquistou graças a uma aliança do seu partido, o PTB, com caciques do PMDB, o senador Collor passa a ter uma posição estratégica porque terá o poder de examinar as nomeações para as agências reguladoras e fiscalizar a execução das obras do Programa de Aceleração do Crescimento, principalmente nas áreas de energia, transporte e habitação.

O cargo de presidente da Comissão de Infraestrutura faz parte dos seus planos de reconstrução de carreira política interrompida pelo impeachment, no auge do poder, e de construção da sua candidatura ao governo de Alagoas. Durante seu mandato na comissão, serão apreciados 22 novas indicações de diretores das agências reguladoras e o andamento das obras do PAC, sob o comando da mi-nistra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata à sucessão de Lula, que conta com a simpatia de Collor, como ele mesmo decla-rou no debate aos jornalistas da TV Brasil.

Isolamento político e o impeachment

A entrevista serviu pra Collor fazer autocrítica da sua gestão à frente da presidência da República. Calmo, sereno, sem os co-nhecidos gestos nervosos e irrequietos, Collor passou a limpo sua breve passagem pelo cargo mais importante do país. Disse, por exemplo, que se arrependia do confisco da Caderneta de Poupança no primeiro dia de governo que jogou na lona o prestígio que havia conquistado em boa parte do eleitorado brasileiro. Preferiu falar em cadernetas bloqueadas e não em "confisco". Confessou que hoje evitaria adotar um programa econômico que causasse tanto desassossego. "Equivoquei-me", penitenciou-se.

Outro erro que admitiu foi a "a falta de diálogo com a classe política e com São Paulo, o que ele considera como uma das causas de sua deposição. "Um presidente da República", disse, "no presidencialismo, precisa conversar o tempo todo com os políticos, os empresários e a sociedade civil." Avalia que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente Lula também teriam sido cassados se não contassem com o apoio político do Congresso e dos empresários paulistas.

Collor atribui à pressa em fazer mudanças a outro erro crucial de sua admi-nistração. "O país", segundo ele, "precisava de medidas urgentes e rápidas. A situação econômica pedia soluções imediatas e o remédio que adotamos foi amargo demais no confisco das contas pessoais e no bloqueio das cadernetas de poupança".

Ao falar sobre as alianças hoje com o Presidente José Sarney e com Lula, o ex-presidente disse que as críticas feitas aos ex-adversários deveram-se ao calor da campanha política e que tudo aquilo hoje "é página virada". Admitiu, inclusive, que em conversas com os dois já pediu desculpas e foi desculpado pelos exageros, porque "política é uma máquina de moer gente".

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