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sábado, 13 de dezembro de 2008

Atitudes Espirituais ( WALMAR BUARQUE )

Estamos caminhando céleres para o inevitável confronto de consciência pessoal e coletiva da razão de estarmos quase todos, ou alguns, preocupados com a situação geral do nosso povo.
Um milhão de pessoas se concentraram em São Paulo, no autódromo de Interlagos para acompanhar uma solenidade religiosa com o Padre Marcelo Rossi; o Padre Zezinho concentra 400 mil pessoas na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro e o Bispo Macedo coloca mais de cem mil no Maracanã. Todas as tendências religiosas ocupam generosos espaços na mídia e, as vezes, até toda programação de um canal, como é o caso da TV Canção Nova, e as rádios, estes sim, veículos preferenciais dos evangélicos, já não é novidade. Tudo isso faz de todos nós reféns das crenças, dos cultos e das inúmeras preces e rituais religiosos que esquecem o principal. Devido à fragilidade humana, precisamos de certas qualidades como moral, piedade e humildade, que só adquirimos com um trabalho de desenvolvimento individual em ambiente social favorável, o que é indispensável para que esse mundo seja mais generoso.
A prática desses cultos indiscriminados e monitorados para a salvação individual é mais uma atitude comprometedora para a estabilidade do Brasil e até mesmo de nossa cidade. Não há nada pior do que olhar para o próprio umbigo; precisamos praticar a humildade até mesmo quando estamos ajudando os outros e praticando obras de caridade; não devemos pensar em nós mesmos com altivez, como nobres protetores dos fracos. A minha esperança é que, se você leitor, se tocar com o que aqui está escrito, vai procurar ser movido pela noção de responsabilidade pelos outros e fará o possível para ajudar, mesmo com pequenos gestos conhecendo suas limitações, numa ação de bem - estar social e de conscientização da situação caótica dos menos favorecidos e excluídos da atenção dos (ir) responsáveis por esta situação.
O conhecimento é importante, muito mais porém, é o uso que lhe damos. Não podemos ficara inertes e calados diante de tanta agressão aos mais humildes que, por essa mesma condição, são humilhados pelos que se julgam salvadores e enviados de Deus e que acabam por subjugar uma boa parcela de crentes e incautos, de uma condição social menos favorável, segundo eles, por desígnios de Deus.
Portanto, creio que há uma grande diferença a ser distingüida entre religião e espiritualidade. A religião está relacionada aos ensinamentos e dogmas religiosos, traduzidos em rituais, orações, etc. E a espiritualidade está relacionada com as qualidades do espírito humano, como a compreensão, a tolerância, o amor, a compaixão, a paciência, a alegria de viver e de perdoar, a noção de responsabilidade e harmonia, o que faz com que as pessoas sintam felicidade para si e para os outros. E seria esse nosso objetivo agora, fazer com que vocês pensem nisso e possam até dispensar a religião, mas lembrando que não podemos dispensar essas qualidades, praticando as atitudes espirituais com tanto fervor como se pratica nos cultos das religiões.

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