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sábado, 13 de dezembro de 2008

Pastores e urubus ( WALMAR BUARQUE)

A sintonia da vida tem alguns detalhes que passam despercebidos pela grande maioria da população, mas são esses detalhes que nos permitem vivenciar com uma certa tranquilidade nosso cotidiano que apesar dos pesares é angustiante e traumático como se estivéssemos numa guerra como qualquer outra existente no mundo.
Se não fosse uma estranha convivência com sofisticados e eficazes métodos de prevenção impostos por alguns privilegiados, todos nós sentiríamos as agruras e os pesadelos enfrentados por muitos que vivem a mercê da lei dos mais fortes e da impunidade policial e jurídica que, para os que detem os privilégios, não sofrem desse terrível mal, que é hoje talvez o maior mal enfrentado pelo pobre e remediado povo brasileiro. O medo condicionado é o nome que os psicólogos empregam para designar o processo pelo qual uma coisa que não deveria apresentar ameaça alguma se torna temida por esta, associada na mente de alguém a algo assustador que nesse caso é a injustiça, a discriminação pela cor, poder aquisitivo e social. E a “extinção do medo” parece envolver um processo longo de aprendizado ativo e de exclusão de convivência livre condicionando-se a restritos ambientes e grupos de pessoas. Essa alternativa é estimulada sempre quando interagimos com aqueles que convivemos. Quanto mais hábeis somos nas relações que mantemos com os outros melhor controlamos os sinais que enviamos e aí é que constatamos os sinais de acomodamento e adestramento daqueles que se propõem a procurar nos cultos e religiões o direito de participarem de uma atividade social, conformadas com uma situação financeira e social inferior, onde não se permite que se alcance o verdadeiro motivo de tanta segregação, que sem dúvida advem da falta de políticas públicas, do desespero de uma elite desenfreada e obstinada a querer tudo sem que os direitos de todos sejam respeitados. A orquestração pode ser tão sutil quanto duas pessoas balançando-se em poltronas giratórias no mesmo ritmo, a mesma reciprocidade liga os movimentos de pessoas que se sentem emocionalmente envolvidas.
Essa sicronia parece facilitar o envio e a recepção do estado de espírito, mesmo os negativos. E esta sincronia é hoje o grande motivador das massas para não procurar os seus direitos, permitindo adiá-los para depois da morte, no paraíso o sonho de uma vida mais igual e justa daquela que tem hoje. Isso faz com que o Brasil esteja em “paz” pois são incontáveis as siglas e nominações de igrejas e cultos espalhados por todo o país.
Pensando nisso cheguei a uma conclusão óbvia “uma primeira idéia é condenada como ridícula, a seguir é esquecida como trivial, até que finalmente se torna aquilo que todo mundo sabe”.
E aí surge a idéia de que sem os urubus nossas vidas seriam um inferno numa cidade-lixo onde é imprescindível a sua presença assim como para a estabilidade desse país as igrejas e cultos é a existência dos urubus dentro do centro urbano de nossa cidade para conter e restringir o acúmulo de lixo.
O indivíduo que processa o mundo por diferenças tem avidez por mudanças e não permanece num trabalho ou posição por um período muito longo. Geralmente detesta rotina e as palavras chave na sua motivação é novo e melhor.
Do jeito que está não pode ficar.

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