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sábado, 13 de dezembro de 2008

Liberdade pelos Direitos ( WALMAR BUARQUE )

Que direitos são esses, reivindicados pelos Sem Terra representados pelo MST? Por que alguns despossuídos não só de terras, mas de algum tempo pra cá, de tudo, de emprego, de casa, de saúde, de educação, enfim os sem nada não lutam por direitos? Por que só os Sem Terra tem o direito de intimidar comerciantes para provê-los de alimentos que faltam a outros que nada tem?
Reunidos eles procuram direitos que deveriam ser de todos os brasileiros, direitos constitucionais e a partir dessa promessa de que só reunidos eles obterão direitos é que daí surge a pergunta: e nós, como conseguiremos nossos direitos? Talvez unindo-nos aos Sem Terra em uma das suas múltiplas siglas ou criando novos movimentos como os Sem Nada. A organização desses movimentos é extremamente significativa dentro de um regime democrático, mas coloca em cheque a estabilidade social daqueles que apenas acompanham o movimento pela imprensa, e na sua grande maioria não entendem a cumplicidade do poder público com o que para eles parece uma grande baderna e descontrole social. Mas no fundo eles se questionam se ficarem unidos conseguirão o que querem? Por que nós moradores de grotas e favelas não fazemos o mesmo e começamos a nos organizar para conseguir, primeiro o título de propriedade do seu barraco, do seu espaço, depois as cestas básicas, e por aí em diante outros direitos como água encanada, esgoto, posto de saúde que funcione, espaços poliesportivos, escola, clubes de mães, creches, enfim todos os direitos que nossos impostos possam proporcionar, impostos esses que todos nós pagamos desde o mais pobre aos grandes sonegadores que apesar de sonegadores ainda pagam algumas migalhas de impostos. Pois quando eles e nós compramos uma caixa de fósforos estamos pagando algum tipo de imposto.
Como só entendemos que a revolução é sincera, honesta e real quando elas vêm de dentro das massas, mas a história nos contradiz quando voltamos no tempo e percebemos que as revoluções mais marcantes da história partiu da classe média, dos intelectuais; mas quando vivenciamos esse movimento do MST sentimos que a história se repete pois por trás dos saques, pedágios, invasões, destruições, existe a participação da classe média e do intelectual que no fundo é o grande mentor de todas as transformações sociais do mundo. A descentralização do estado, destituindo deste a tutela e o autoritarismo com as instituições é um indicativo de que a liberdade é garantida e devolvida aos indivíduos que se reúnem em associações e até mesmo em quadrilhas de traficantes. Socialmente é a confirmação da igualdade não natural mas social para cada grupo que se une e exige seus direitos.
Essa é a idéia de que a terra pertence ao mundo, mas seu aproveitamento pertence apenas aos que a cultivam com suas próprias mãos e que todas as riquezas sociais produzidas pelo trabalho, quem delas se aproveitar sem trabalhar será um ladrão.
Portanto baseado nesses princípios anarquistas vê-se que não estamos longe de uma conflagração de uma revolução por direitos e justiça onde não poderemos deixar de entender as ações e manifestações organizadas pelos grupos já instituídos e atuantes.
A dimensão do trabalho cresce. O trabalho e o amor estão lado a lado para a realização da humanidade. Mas tem quem defenda que o trabalho é mais importante, pois por meio dele você consegue autoconfiança para poder amar as pessoas de bom senso saber quando as propostas correspondem a uma verdade interna da situação e que qualquer projeto só vai funcionar se contar a participação de todos. A coerência é fundamental para saber claramente o que se espera desses movimentos.
Como podemos ficar insensíveis a tudo isso? Como podemos compartilhar com os exploradores, sonegadores tirânicos e prepotentes diante de tantas distorções do sistema que privilegia e protege os maus em detrimento à maioria faminta e analfabeta.
Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo que o criou. É preciso ir mais longe é preciso refletir muito antes que seja tarde e que, vidas e mais vidas sejam ceifadas numa desenfreada luta por direitos.
Liberdade pelos direitos dos moradores de grotas, favelas e assentamentos de miseráveis antes que a liberdade dos trabalhadores e de seus filhos seja tolhida em detrimento da falta de direitos sociais para todos os cidadãos.
Se, os Sem Terra em todas as suas siglas tem direito e moral de exigir o mínimo para sua sobrevivência intimidando a todos nós, por que não provocar os favelados e desassistidos cidadãos de nossa cidade para da mesma forma procurar sua subexistência. Liberdade pelos direitos para todos.


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