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sábado, 13 de dezembro de 2008

Crianças ou Assassinas? ( WALMAR BUARQUE )

Por que você fêz isso? Esse questionamento gera má conduta e é melhor evitar uma pergunta como essa, pois ela soa como crítica ou acusação. Por que não perguntar com interesse o que você estava sentindo quando agiu mal?
Esse entendimento é prioridade na conduta do educador quando se depara com situação constrangedora de acontecimentos inusitados.
Recentemente, fato ocorrido numa cidade do interior colocou em xeque o que fazer, como agir e como reagir ao assassinato de uma criança de 4 anos cometido por outras de 7 e 11 anos. Como isso vai se desenrolar nesses próximos meses, num estado onde não existe a menor estrutura profissional no aparelho estatal para diagnosticar e até mesmo para acompanhar essas crianças.
De imediato a privação de liberdade das crianças suspeitas enviadas para uma entidade filantrópica já me pareceu preconceituosa e indevida. A pretensa proposta de um atendimento psicológico posterior a exclusão sem que tenha sido constatada a verdadeira autoria do crime é chocante. A proteção por lei do menor de 12 anos em não responder por crime qualificado e premeditado é irresponsável, mesmo porque surge a pergunta: que tratamento especializado essas crianças vão ter?
Tenho notícias de que quando funcionava o Centro de Recuperação de Menores (CRM) aqui em Maceió, laudos psicológicos eram dados por profissionais do CRM a distância sem sequer ter contato com o apenado.
Que responsabilidade terão os profissionais técnicos que atenderam essas crianças? Que seqüelas não ficaram em suas personalidades deste ato criminoso, cometido tão cedo, numa idade em que deveriam estar na escola em tempo integral e numa convivência social na cidade compatível com suas idades.
Em que condições essas famílias viviam e se mantinham? O que a prefeitura poderia ou mesmo teria de proporcionar a elas para que fatos como esse não ocorresse?
Quantos são os culpados? No meu entender muitos. Desde a família até mesmo o ministério público, os gestores municipais e estaduais e também o distorcido e enganador Estatuto da Criança e do Adolescente, conseqüentemente do poder judiciário.
Como viverão em uma cidadezinha analfabeta, carente de tudo e de pessoas interessadas nessas crianças?
Tenho pena e muito receio de que elas serão vitimas das próprias culpas de seus algozes, e que viverão num desespero permanente de uma impunidade não compreendida pelos que anseiam pela punição dos que cometem crimes, principalmente de homicídio qualificado e premeditado.
Agora o estado tem em suas mãos um exemplo de que a qualificação profissional de seus funcionários terá de ser testada, visto que essas crianças já que não podem ser punidas, sejam reintegradas de maneira qualificada e atendidas não só elas, mas também suas famílias, para que não possam reincidir no crime.
Este é um tema preocupante. É muita responsabilidade para as pessoas que agora estão envolvidas nessa questão, para que amanhã não venham a ser confundidas como cúmplices de outros crimes cometidos por essas e outras crianças de nosso estado.
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