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sábado, 13 de dezembro de 2008

Violência ( WALMAR BUARQUE )

Walmar Buarque (*)
Lendo um artigo de Eduardo Galeano percebi que todo nosso horror pelo que virá se traduz numa frase: “Só de pensar no amanhã sinto um aperto no coração”. Na verdade é que quando vivenciamos um dia a dia como eu é extremamente estressante constatar que o Brasil produz injustiças, que produzem violência, que produz medo, que produz trabalho. Nesse ciclo de maldade permanente chega-se à conclusão sinistra que, mantendo a situação atual, aplicando-se recursos públicos na manutenção da situação, finalmente chegamos ao objetivo priorizado do governo, promover o emprego.
Essa realidade se confirma quando constatamos que a “educação criminosa é a única que garante aos jovens um trabalho bem remunerado e permanente”. Segundo Galeano, “para competir, é preciso espremer os limões”, portanto o “olho por olho deixa todo mundo cego”, logo temos de refletir, eles, os que dirigem, comandam, os que detêm o poder tem de refletir que nossas casas hoje se parecem com jaulas, que não temos como conviver impunemente com essa burra concentração de renda, esse estúpido egoísmo, pois a insegurança é o pânico de nosso tempo. Os dirigentes mentem, nas declarações entre o forte e o fraco a liberdade oprime, provocam incêndios e depois cobram para apagá-los pois a arte do bom governo, autoriza não pensar o que se diz, mas proíbe dizer o que se pensa.
Para alguns toda pessoa tem o direito de circular livremente. Circular sim. Entrar não. Pois as declarações dos que determinam proclamam, a realidade trai, pois quando eles se referem ao problema, das crianças e adolescentes de rua, da violência e do abuso sexual contra as indefesas e ignoradas crianças, essa realidade não existe, as pessoas não existem, principalmente as filhas e filhos de portentosos cidadãos que com o poder do dinheiro e da influência política na cidade, oprime e humilha seus próprios filhos e mulheres pois cínicos eles conhecem o preço de tudo e o valor de nada. Estamos numa guerra silenciosa de opressão e intimidação também contra a criança e o adolescente de família ricas, pois com as pobres é o mesmo e além disso é igual.
Numa situação anômala para uns, temos o estardalhaço do fato em manchetes de jornais e noticiários de rádio e tv com a desenvoltura de que tal fato se restringe aos pobres pais, explorados trabalhadores que diante desta situação mostram nas entrelinhas conivência e ignorância ao permitirem tal exploração por outros e as vezes por eles mesmos, visto que na grande maioria os que agridem e violam são os próprios pais e parentes próximos. Mas quando a vítima é filha de classe mais alta, a liberdade oprime e a impunidade e a continuidade da exploração faz com que como a avestruz para não ver a realidade a justiça afunda a cabeça no televisor.
A beleza é bela se pode ser vendida, e a justiça é justa quando pode ser comprada pois onde manda capitão, não manda marinheiro. Busquem a verdade, vocês podem. Reflitam o que estão fazendo, procurem autenticidade em todas suas formas, mostrem do que são capazes, pensem diferente, vocês podem, sintam-se seguros de si mesmos. As guerras e os confrontos crucificam a verdade, a obrigação de ganhar é inimiga do prazer de jogar. Que bonito seria se houvessem vinte e dois expectadores e dez mil jogadores. Nas relações entre o forte e o fraco, a liberdade oprime o pobre. Nesse caso quem defenderá os filhos e filhas dessa desenfreada burguesia? Esta burguesia que, por ter dinheiro e poder, faz o que quer das suas fantasias sexuais e é ignorada pelos Conselhos Tutelares que poderiam combater e reprimir a exploração e o abuso sexual, na vã filosofia do tipo “faça do meu modo ou não faça”.
O futuro me preocupa, porque é o lugar onde penso passar o resto da minha vida, e fica uma pergunta: Quem fica com a água? O macaco que tem o porrete. O macaco desarmado morre de sede.

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