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sábado, 13 de dezembro de 2008

Estranho Direito(WALMAR BUARQUE)

Incomodando nos sinais, atrapalhando o trânsito, assassinados, estuprados, violentados em seus direitos, estimulados a viver nas ruas mendigando os eu parco sustento diário. É assim que continuam centenas de crianças de rua de Maceió. Nada se faz nas áreas governamental, estadual e municipal e eles continuam na rua, protegidos por um estranho direito que se instituiu no Brasil: o de ficar perambulando pelas ruas, sem família, sem qualquer resquício de amor, cheirando cola, sem aprender nada de útil e, quando conseguem sobreviver, o fazem através da venda ou roubo nos sinais. Do outro lado, uja parcela da população andando armada, alguns por direito - os policiais - outros por insegurança, os matam e vão dormir pensando ter feito um bem à sociedade. Somem-se os dois quadros e aparecerá uma sociedade doente, de uma país doente e de um estado decadente.
Há muito tempo a polícia sabe da matança de meninos de rua e Maceió é palco freqüente dessas chacinas. Nesses anos ninguém foi preso ou sequer um inquérito foi concluído; em muitos casos, nem mesmo instaurado.
Já faz parte da legião dos meninos de rua essa estranha categoria social que se espalha pelo Brasil,: Cor escura, cabeça raspada, bermudas, camisetas de políticos e, quando muito, uma sandália de dedo. Esse é o inventário e espólio. Filho de uma família desagregada pela miséria, sai de casa ainda pré-adolescente, geralmente fugindo de pais violentos e encontra a liberdade nas ruas, onde permanece protegido por um estranho direito, geralmente invocado entre os direitos humanos. Se chegar à idade adulta, terá tido sorte, mas tem 85% de chances de morrer jovem e de forma violenta.
O que a sociedade poderá exigir desses jovens? Por que esse direito às ruas defendido por algumas ONGs e que não existe em qualquer sociedade civilizada? Se não existe interesse do estado em resolver essa questão, chamem-se as ONGs que estão empenhadas no trabalho de ressocializar e tirar os meninos e meninas da rua, a Igreja, a Magistratura, os Educadores, os legisladores, pais de família, gente de boa vontade, discuta-se o problema e ache-se uma solução que não seja a rua e que passará pela educação e formação para esses jovens; e, para as autoridades estaduais e municipais, a cobrança dos recursos públicos, a correta aplicação dos mesmos, a denúncia e o combate à omissão e ao descaso. No dia em que isso acontecer, a presença de meninos nas ruas deixará de ser um estranho direito

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