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sábado, 13 de dezembro de 2008

Você perdeu! ( WALMAR BUARQUE)

Existe dois dias impossívéis de fazer qualquer coisa: o ontem e o amanhã, e é isso que me preocupa, em todos os encontros, reuniões e discussões discute-se o amanhã, não o amanhã depois de hoje, e sim o amanhã de outros dias que torna-se o ontem e daí vem a impossibilidade de fazer qualquer coisa, eficaz e imediata para resolver o problema maior das nossas crianças e dos adolescentes em situação de risco.
Fito com meu canto de olho. A expressão na cara deles, esses adolescentes e crianças que estão na rua e vejo neles uma cara de determinação e propósito, e fico com receio de encará-los para não ficar assombrado, há mais de 10 anos tratando com meninos e meninas de rua nunca estive vivenciando uma situação que exigisse de mim uma concentração tão estranha, de que posso ser a próxima vítima, evidentemente eu ainda não tinha expressado esse pensamento. Cada vez que eu protesto estou simplesmente expressandoa frustração insuportável de ver a situação insustentável dessas crianças e adolescentes de rua e a minha.
Não estou querendo externar uma situação de um homem doente ou maluco onde antecipa uma determinação inevitável por um confronto maior graças aos dias perdidos na luta pelos direitos dos adolescentes, que foram aqueles dias de ontem e de amanhã os quais não fazemos nada para efetivamente atendê-los e entendêe-los para que possamos ter dias melhores sem medo e preocupação. O mundo que nos cerca é um mistério e os homens não são melhores do que outras coisas. Se deparamos com um problema que não nos envolva e nem as pessoas próximas de nós, devemos ser generosos e honestos na preocupação e para sua solução, senão talvez essa omissão não nos deixe viver em paz e tranquilidade.
Esforce-se para ver mais longe, quando começarmos a mudar a forma de planejar as oportunidades do amanhã e vivenciar os resultados de ontem, talvez possamos dar dois, três ou mais passos para uma solução.
Por enquanto assim como está, não podemos ser felizes, tanto nós quanto eles.
Por outro lado, você, meu amigo ou amiga que sabe como é o mundo real de muitos brasileiros ficará transtornado e assustado, e morreria se tiver de depender de sua capacidade para vivenciar e acreditar no que é real e o que não é real. Isso acontecerá quando uma voz com um cano de revólver estiver apontado para você e ouvir-“você perdeu.”
Pense: ele está sendo malvado com você? Pense bem.
– Não, ele está buscando em você o que todos nós negamos a eles durante gerações. Pense: ele está sendo agressivo com você?
– Não, ele indentificou em você alguém que pudesse ajudá-lo. Mas você e como muitos de nós, não se deu ao trabalho de ajudá-lo, mas talvez tenha até se aproveitado da sua situação de desvantagem. Pense: ele estará fazendo o que pode por você, quando pede para não reagir e ficar calado?
– Sim, esse adolescente em situação de risco, com a adrenalina nas alturas, numa profunda depressão, uma enorme expectativa de conseguir alguma vantagem naquele momento para amenizar o sufoco de ontem e viabilizar um amanhã melhor e você ainda consegue sair vivo dessa para contabilizar os prejuízos?
Pense bem? Você não perdeu, tudo...

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