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sábado, 13 de dezembro de 2008

A conquista da paz

Ao longo dos tempos, a humanidade vem buscando a paz, de diferentes maneiras e processos, entre pessoas, povos, nações e religiões. Em alguns períodos houve paz, que foi breve, em virtude de ter sido garantida às custas do sacrifício de muitas vidas e de injustiças, o que fez retornar o “fantasma” da guerra para assombrar mentes, consciências e almas.

Por quê o homem não consegue viver em paz consigo mesmo nem sequer com seus semelhantes?

É bom recordar que paz é a ausência de lutas, de violência, de perturbações sociais, políticas e econômicas. Paz é harmonia, equilíbrio e tranqüilidade, tanto interna como externa; é concórdia, consenso, respeito às leis que regem nações e povos, leis essas que buscam assegurar a paz de uma comunidade, de um povo, de uma nação, de uma forma justa e correta; também é ausência de conflitos e agressões entre pessoas para isto são necessários, bom entendimento, compreensão e fraternidade.

É importante viver em paz com a família, com vizinhos, colegas e companheiros, pois se não formos capazes de conquistar nossa paz interna sempre estaremos em guerra com o mundo externo. Paz também é ausência de agitação ou de ruídos externos que perturbam o repouso, o silêncio, o sossego, a tranqüilidade. A paz de quem mora ou está perto de nós também é importante. Se não tivermos respeito por nossos semelhantes também não teremos por nós mesmos.

Tudo isto parece de fácil compreensão e execução, mas ao olharmos a história da humanidade e para o estado em que o mundo se encontra, ou seja, de cabeça para baixo, à beira do caos, verificamos que não é bem assim. Viver em paz parece missão quase impossível para os homens. É um sonho de todos os povos, de todos os tempos que tem custado a se concretizar.

Se analisarmos as causas que levam os seres humanos à violência e à guerra, teremos uma lista enorme e encontraremos todos os tipos de justificativas para todos os tipos de guerras, violências, agressões e ainda corremos o risco de achar que são necessárias.

Se analisarmos as bíblias das três grandes religiões ocidentais, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, concluiremos todas estão cheias de relatos de guerras, de inimigos matando-se uns aos outros. E, equivocadamente, em muitos casos, as interpretações dos homens colocam Jeová, Deus ou Alá como o mandante das guerras, que incentivava a matar, a pilhar e a violentar os inimigos de “Deus”?

Se, de fato, acreditamos nas palavras bíblicas como “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” , Gênesis 127, parece um absurdo pensar que Deus tenha inimigos, uma vez que todos fomos “feitos à sua imagem e semelhança”.

A título de ilustração citarei algumas frases das grandes religiões:

“E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos.” , Gênesis 14:28.

“E perseguireis os vossos inimigos, e cairão à espada diante de vós.”, Levitico 26:7.

“Pois o Senhor vosso Deus é o que vai convosco, a pelejar contra os vossos inimigos, para salvar-vos.” - Deusteronômio 20:4.

“Deus cobrará dos fiéis o sacrifício de seus bens e pessoas, em troca do Paraíso. Combaterão pela causa de Deus, matarão e serão mortos.” Alcorão, 9ª Surata, 111.

Em contrapartida disse Jesus no Novo Testamento:

“Eu, porém, vos digo: Mas a vós, que isto ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam. Bendizei os que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam..” Lucas 6:27-28.“Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados Filhos de Deus.” Mateus 5:9.

No Bhagavad Gita (Hinduísmo):

“Aquele que abandonou todos os desejos de gozo dos sentidos, que vive livre de desejos, que abandonou todo o sentimento de propriedade e não tem ego falso – só ele pode conseguir a paz verdadeira.”

A Doutrina de Buda (Budismo):

“Os homens neste mundo têm predisposição ao egoísmo e à antipatia; não sabem como amar e respeitar uns aos outros; argumentam, discutem e se batem sobre banalidades, apenas para o próprio mal e sofrimento, e a vida se torna uma melancólica roda de infelicidade.”

Se entendermos Deus como: O Princípio Supremo considerado pelas religiões como superior à natureza, o Ser Infinito, Perfeito, Criador do universo e da vida, ou, sob o ponto de vista filosófico, como o Princípio Absoluto, a realidade transcendente ou o Ser Primordial responsável pela origem do universo, das leis que o regulam e dos seres que o habitam, fonte e garantia do Bem e de todas as excelências morais, então, as guerras e todo tipo de violência entre seres humanos passam a ser uma total falta de inteligência e de consciência, porque é algo absurdo.

Numa entrevista à Revista Veja, em 16 de junho de 2004, o Secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan(66), falando dos grandes problemas mundiais, disse: “Acho que em algum ponto do caminho perdemos nosso senso de solidariedade internacional.”

Se realmente entendermos solidariedade como o compromisso pelo qual as pessoas se dedicam umas às outras e cada uma delas a todas num laço ou ligação mútua entre duas ou muitas pessoas, ou, o sentimento de simpatia e ternura pelos desprotegidos, pelos que sofrem, pelos injustiçados, pelos sem teto, sem alimentação, sem saúde – os sem nada –; uma manifestação do sentimento profundo de amor, originário da alma com o intuito de confortar, consolar, oferecer ajuda, cooperação ou assistência moral, social e espiritual, temos que concordar com o Secretário-geral, pois está faltando muita solidariedade, fraternidade, amor, caridade, cooperação e sabedoria entre todos os seres humanos.

Os fanatismos de todos os tipos e cores, a ganância e a exploração dos mais oprimidos, das classes marginalizadas, dos políticos corruptos, e muito mais coisas que o leitor certamente poderá acrescentar a esta lista, são fatores que nos colocam ainda longe de alcançar a verdadeira paz tanto interna como a externa.

Vivemos em permanente luta porque internamente estamos em guerra contra o verdadeiro objetivo e sentido da vida que é o: “Amai-vos uns aos outros”, de Jesus. E, do mesmo modo, evoluir e ajudar nossos semelhantes a evoluir é nos tornarmos conscientes de que somos partes integrantes e ativas de um grande corpo que identificamos como humanidade, por isto, devemos verdadeiramente nos humanizar. Muitos se esqueceram de que são seres humanos e não animais, talvez, sejam doentes e as grandes vítimas de uma sociedade que se diz humana, mas que é altamente egoísta, gananciosa, consumista, agressora e discriminadora, que perdeu o sentido completo do que é a vida.

Infelizmente ainda continuamos nas mãos dos senhores das guerras, da fome, da miséria, da exploração política, econômica e religiosa, assim como de todos os tipos e gêneros de violência.

Enquanto não nos voltarmos para nosso ser interno na busca da verdadeira espiritualidade e não libertarmos o verdadeiro Deus que se encontra prisioneiro em nossos corações, consciências, mentes, almas e espíritos, continuaremos vivendo num mundo de violência e presenciando o crescimento dos fundamentalismos de todos os tipos, que tentam tomar conta do mundo e da vida, fomentando guerras, miséria e fome, fazendo aumentar ainda mais o grande abismo que existe entre ricos e pobres.

É preciso que libertemos o verdadeiro Deus que reside dentro de nós e que nos tornermos conscientes de que todos nós somos irmãos e irmãs, integrantes de uma mesma família que ainda tem condições para mudar os rumos do caminho evolutivo e de expandir o amor, em todos os sentidos, para que todos possam viver como criaturas de Deus. Não falo do Deus das religiões, mas aquele que coabita em nossos templos internos, como diz a Bíblia: “O Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta.” , Atos 7:48.

Ainda temos a esperança de que um dia, viveremos num planeta sem guerras e violência dentro e fora de todos os seres humanos. O mundo estará em paz quando todos nós conquistarmos a paz interna, porque a externa será um efeito de uma causa conquistada por nossos corações, sentimentos, mentes, consciências e almas. Compete a cada um agir corretamente para não permitir que sejamos explorados, escravizados e empurrados para o sofrimento, para a miséria e a violência, o que reflete o fracasso dos sistemas criados pelas personalidades humanas.

Uma Nova Luz está gradualmente banhando o planeta, penetrando nos corações contaminados pela violência, nas mentes poluídas pelo “entulho” desnecessário que diariamente as invade. Essa Nova Luz elevará o nível da vida e de consciência, purificará, transformará e descontaminará nosso ser interno para que possamos encontrar a verdade que reside em nossas almas e para que através dela nos tornemos verdadeiramente livres e iluminados pela Luz do Amor, da Sabedoria, da Paz, da Justiça, da Fraternidade. Se todos viemos da Luz, um dia todos teremos de regressar a Ela.

Talvez, nosso único problema, e dele possam derivar todos os outros, seja o fato de termos nos esquecido de que somos filhos do Amor Trino e Uno de Deus porque somos feitos à sua imagem e semelhança. Portanto, nossa ação no mundo deve ser a de conquistar a paz e espelhar o amor divino que reside dentro de nós.







Colaborador
Paula Falcão
Biografia:
Paula de Pinho Falcão é formada em Computação pelo ITA

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