Coluna Contraponto - Clique no LINK ABAIXO

sábado, 13 de dezembro de 2008

Chance e crime ( WALMAR BUARQUE )

Chance e crime



É um direito nosso ter resposta para certas atitudes contra um direito inalienável das crianças e adolescentes. As respostas são sempre evasivas e incompreensíveis, isso no caso específico da morte do adolescente apenado Picolé, assassinado no Centro de Recuperação de Menores. Existem boatos preocupantes que novos motins estão sendo planejados com a reintegração de infratores que ainda não chegaram ao Centro de Recuperação de Menores depois da reforma.
Depoimentos consternados e acompanhados de um choro nervoso de quem não sabe o que fazer para reverter a situação, outros depoimentos técnicos e administrativos, com alegações subjetivas e denúncias de uma situação que perdura há algum tempo. Essa mesma situação se reverte, periódica e convenientemente quando das publicações impressas e televisivas onde, não se sabe como, tal instituição mostra um lado favorável e conciliador no trato com o menor infrator. Mas a verdade é uma e única hoje: o menor de rua, o adolescente de rua, os infratores e os excluídos de uma forma geral viraram objetos de uma disputa política e canalizadora de mirabolantes projetos ressocializadores, que só beneficiam os seus autores e os protagonistas de sua realização, mesmo aqueles que não passam do papel.
Mas a realidade é outra, nessa condição de preso, o adolescente deveria ter o mesmo acompanhamento psico-social e educativo (profissionalmente e esportivo) que têm aqueles que não cometeram crime algum e, se assim fôssem tratados seriam casos esporádicos e previsíveis, diante da complexidade do comportamento humano, e não uma constante e maldita síndrome da prática criminosa de crianças e adolescentes com mentes ociosas e carentes de qualquer atendimento preventivo.
Hoje o governo através de suas autoridades, reivindica mais recursos para o atendimento aos apenados, para poder oferecer a eles uma chance de, durante o cumprimento da pena, serem ressocializados e terem condições de se reintegrarem à sociedade. Nesse período eles deveriam ter uma vida saudável, uma alimentação balanceada, atividades educativas profissionalizantes e esportivas além de uma constante presença de psicólogos e assistentes sociais que lhe proveriam condições de não reincidirem no crime. Essa proposta seria coerente se eles, adolescentes, não precisassem cometer os mais bárbaros crimes para terem essa assistência.
Hoje os adolescentes, para terem seus direitos adquiridos e fazer com que as autoridades reivindiquem esse atendimento, matam e cometem barbaridades para serem contemplados, mesmo que seja só de intenções do poder público.
O roubo, o assalto, o bater carteira, enfim, os pequenos delitos, colocarão as crianças e adolescentes fora dessas intenções e, mais ainda, aqueles que perambulam nas ruas se drogando e, às vezes, incomodando os cidadãos comuns, nada terão, nem mesmo, a atenção das "autoridades".
Em aplicar, mesmo que seja em parte, os projetos ressocializantes daqueles que já cometeram crimes e também estão abandonados à própria sorte, o Projeto Catarse faz a sua parte, e muito bem, sem a contribuição daqueles que esbanjam o dinheiro, que não falta, mas que é mal aplicado. Como as crianças e os adolescentes de rua, as ONGs são ignoradas pelas autoridades, que nada fazem e não sabem fazer especificamente para o problema dos menores infratores em situação de risco, que ainda perambulam pelas ruas de Maceió.

Nenhum comentário: