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sábado, 13 de dezembro de 2008

Sem titulo ( WALMAR BUARQUE)

Conta uma lenda, que bem poderia ser apreciada e contada aqui nos dias de hoje.
Num reino distante, tão distante que lá não se preservava as praias, suas encostas eram ocupadas desordenadament, seu povo analfabeto, desnutrido e desamparado na saúde e no lazer. O seu rei ficou gravemente doente e nem os sábios e os médicos conseguiram resultados satisfatórios em sua melhoria a ponto de perder as esperanças de sua recuperação, quando uma velha criada gritou: -Mostrar-lhes-ei como salvar o rei! Se vocês puderem encontrar um homem feliz, tirem-lhe a camisa e vistam-na no rei que ele se recuperará.
Então o rei enviou todos os mensageiros, asseclas e aspones procurarem em todo o reino um homem feliz, que na concepção do rei seria muito fácil encontrar, pois todos os que lhe cercavam falavam maravilhas do reino que ele dirigia e da satisfação dos seus súditos.
Eles foram certos de que logo voltariam e começaram a caminhar por todos os cantos do reino e não encontravam um homem feliz. Ninguém estava satisfeito; todos tinham uma queixa. Para os asseclas, aspones e para os puxa-sacos isso não era novidade, só o rei não sabia.
Alfaiate estúpido! –ouviram um homem rico dizer –Fêz minhas calças muito curtas, não faz nada direito, um imprestável!
Meus filhos são inúteis – resmungou o moleiro –Eles nunca fazem o que mando, não tem boa escola e vivem na rua a roubar.
-Cafajeste! reclamava mulher do moleiro beberrão, também não tem trabalho nessa cidade, vive enchendo a cara e andando com prostitutas.
Meu teto está vazando – reclamou um morador, – como se não bastassem as enchentes, não temos profissionais competentes para fazer um bom serviço – reclamou o artesão.
Todos os mensageiros não encontravam ninguém satisfeito, muito menos feliz só ouviam reclamações, queixas e lamentações. – Também com um governo como este, pode alguém está feliz?!
Se o homem era rico, não tinha o bastante; Se não era rico era culpa do governo. Se era saudável, havia uma pessoa próxima que não conseguia atendimento médico responsável. Se trabalhasse ganhava pouco e o restante de sua família não conseguia emprego. Todos tinham algo do que reclamar, isso não era novidade para os mensageiros, asseclas, aspones e puxa-sacos do rei. Só o rei não sabia dessa insatisfação generalizada. O rei era enganado por todos que o cercavam.
Finalmente uma noite o próprio filho que assustado com tanta insatisfação e sem saber o que dizer para o próprio pai, do que ele , o rei, fazia com o seu povo, ficou surpreso ao passar por um humilde barraco e ouviu alguém dizer:
– Obrigado, senhor! Conclui meu trabalho diário, ajudei meu semelhante, comi meu alimento, e agora posso deitar-me e dormir em paz, estou feliz. O que mais poderia eu desejar?
O príncipe exultante falou para si: – Finalmente encontrei no reino do meu pai um homem feliz! Enviou um mensageiro imediatamente procurar esse homem e pagar o que ele lhe pedisse para que trouxesse a camisa dele para vesti-la no rei.
Mas quando os mensageiros, asseclas, aspones e puxa-sacos foram ao barraco do homem feliz, descobriram que ele era pobre e miserável demais e sequer possuía uma camisa.
O rei morreu, o império desmoronou e a vida do povo mudou e os asseclas aspones, puxa-sacos e os mensageiros foram todos enforcados.

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