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sábado, 13 de dezembro de 2008

Salve a Bahia 1 (WALMAR BUARQUE)

Fui extremamente reticente ao convite para ir a Salvador na Bahia, mas os argumentos e a razão para ir foram maior do que minha preguiça de sair da nossa Cidade Sorriso ou, usando o slogan mais recente, a cidade de Maceió, e fui mais ousado, fiz a viagem de carro. Paisagens deslumbrantes fazem você esquecer o estado deplorável da rodovia, uma tristeza, uma afronta, para nós que pagamos e muito, tantos impostos Federais, Estaduais e Municipais. Mas logo que atravessamos o velho Chico o Rio São Francisco, as apreensões desaparecem e vem o espanto da mudança de paisagens, da beleza natural vemos o visual das indústrias, da agricultura e do desenvolvimento sustentável de um estado semelhante ao nosso na extensão e nas condições climáticas mas bastante diferente no desenvolvimento e no espírito empreendedor dos seus governantes.
A partir de Sergipe a viagem corre mais fácil e logo deslancha ao entrarmos na linha verde até Salvador. Logo na divisa já percebemos a satisfação de um povo em ser baiano, com sorriso largo, simpatia e bom humor que identifica o povo baiano com seu jeito de ser.
Foram quatro dias de deslumbramento permanente com as coisas da Bahia. Cidade onde morei por oito anos lá pelos idos dos anos 60, onde convivi com pessoas inesquecíveis como o meu amigo Rauzito que naquele tempo fazia parte dos Panteras Negras grupo de rock, que depois ficou famoso como Raul Seixas. Freqüentava a casa de Caribé e vivenciei a construção da cidade nova e a ascensão de ACM. Jjuro que fiquei extasiado pelo desenvolvimento não só da cidade mas do povo, educado, receptivo respeitoso, orgulhoso dos seus dogmas, costumes e tradições e mais ainda do seu modernismo e desenvolvimento urbano, preservando seu maior patrimônio, sua história. Pontos turísticos muito bem preservados, urbanizados, limpos, bem cuidados; uma cidade bem sinalizada, inúmeros museus, centro de convenções, teatros, cinemas, shoppings, monumentos e uma infinita exposição de arte por toda cidade. Numa reunião com grandes artistas constatei o quanto estamos atrasados, tratando-se de entendimento do que seja responsabilidade social; o engajamento dos artistas nos movimentos sociais é lindo e entusiasmante. Nesses quatros dias não encontrei um menino limpando vidro de carro ou pedindo esmola nos sinais, mais ainda, o que mais me surpreendeu foi o fato de que não vi um saco de lixo encostado num poste ou montes nas calçadas. Como estamos abandonados, pois aqui é o que mais se vê, meninos nas ruas aos montes e muito lixo. Como comparar Maceió com Salvador? Só se falando de belezas naturais, nosso litoral é inegável, é lindo. Mas o que acontece com nossos dirigentes que não vêem o que estão fazendo com a nossa cidade, com nosso povo? Ingratos, ignorantes, pobres de espíritos, fazem de sua ganância a sua própria sentença. Será que na Bahia, em Salvador não existem políticos corruptos e que não desviam o dinheiro público? Será que lá é diferente dos que aqui atuam no Legislativo e no Executivo? Acho que não, aqui como lá existem os que se locupletam do dinheiro público em beneficio próprio, mas pelo amor de Deus a impressão que fica é que os daqui ficam para si com tudo, diferentemente dos de lá que apesar de ficar com “algum” aplicam a maior parte no amor que eles têm pela terra em que vive e da qual tira seu sustento e mantem o povo baiano alegre, orgulhoso de ser filho de um estado que desperta em todos que o visita essa impressão de orgulho de ter ido à Bahia. ‘Você já foi à Bahia nega? Não? Então vá!’ (Caymmi)

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